Mirna Graciela
Tubarão
Após a prisão de Sérgio Augusto Mendonça, o Cecéu, na última sexta-feira, em Tubarão, os policiais da Divisão de Investigação Criminal (DIC) voltaram, na manhã de ontem, à casa do acusado, no bairro Oficinas. Isto porque existia a informação de que haveria armas no local.
Na garagem, foi descoberta uma caixa com dez munições de calibre 38, uma balança de precisão e R$ 1 mil em dinheiro. Outros objetos suspeitos também foram apreendidos. O teor exato não foi revelado para não atrapalhar nas investigações. A polícia indicou, apenas, que material servirá como prova no processo.
Dentro da mega operação da Polícia Civil em Santa Catarina, para coibir a onda de atentados, seis mandados foram cumpridos pela DIC na cidade. Um de prisão, contra Cecéu, e cinco de busca e apreensão.
Há cerca de sete meses em liberdade, Cecéu foi preso temporariamente por força de ordem judicial expedida na sexta-feira à noite. Ele foi detido quando chegava em casa. Bilhetes e cartas de uma organização criminosa e R$ 2.591,00 sem procedência foram localizados.
Ele foi encaminhado à Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), de Florianópolis. E ontem, foi transferido para a Central de Triagem do Estreito, na capital, onde ficará à disposição durante as investigações.
No sábado, os policiais cumpriram cinco mandados de busca e apreensão em várias propriedades indicadas como de integrantes da organização criminosa.
Documentos, cartas, objetos e dinheiro foram apreendidos nas residências. O material foi enviado para a Deic, onde estão centralizadas as investigações sobre os ataques que assolam o estado desde o dia 30 do mês passado.
Operação mobilizou vários policiais
A operação, neste fim de semana, em Tubarão, para cumprir os mandados de prisão e de busca e apreensão foi realizada pelos policiais civis da Divisão de Investigação Criminal (DIC), da Central de Plantão Policial (CPP) e da Delegacia da Criança, do Adolescente e de Proteção à Mulher e ao Idoso de Tubarão, de Jaguaruna e de Braço do Norte. A coordenação foi dos delegados Rubem Antônio Teston da Silva, André Bermudez e Leonardo Valente.
111 atentados no estado
As tropas da Força Nacional de Segurança ficarão em Santa Catarina durante 90 dias. Garantir a transferência de detentos para presídios federais, estancar eventuais reações nas cadeias e também apoiar as prisões de criminosos envolvidos com os atentados são as ações a serem executadas. Desde o dia 30 do mês passado, 111 atentados foram registrados em 36 cidades catarinenses. Em Tubarão, o número de ataques já passa de dez. Até agora, 147 suspeitos foram presos.
A história de Cecéu
O tubaronense Sérgio Augusto Mendonça, o Cecéu, é apontado pela Polícia Civil como um dos fundadores da facção criminosa responsável pelos ataques em Santa Catarina. Ele tem uma extensa ficha criminal. É a pessoa que cumpriu o maior tempo de cadeia no sistema penal catarinense: foram quase 30 anos.
Em nível nacional, poucas pessoas ficaram tantos anos detidas em regime fechado. Durante mais de duas décadas, Cecéu passou por, pelo menos, 16 presídios e penitenciárias do Brasil. Ele foi um dos mais lendários assaltantes a banco do país.
Em uma de suas entrevistas, em 2001, ele contou que começou a praticar pequenos delitos aos 13 anos. E aos 16 realizou seu primeiro assalto a mão armada, no Rio de Janeiro. Muito popular em Tubarão, Cecéu nunca escondeu seu passado nem os delitos que cometeu. Em várias oportunidades ele mesmo confessou que não havia justificativa para a sua entrada no mundo do crime.
Ele já respondeu a processos por receptação, porte ilegal de arma de fogo, adulteração de veículos, tentativa de latrocínio e diversos roubos, entre outros. O primeiro assalto a banco foi praticado em Capivari de Baixo, em 1983. Também já atuou em São Paulo, Florianópolis, Blumenau e Brasília, entre outras cidades.
