Foi-se o tempo em que decorar a tabuada e conhecer o be-a-bá era suficiente para alçar novos horizontes profissionais. Em virtude da globalização, o mundo como um todo vem se popularizando e, com ele, a facilidade de se obter novos conhecimentos, antigamente inacessíveis, hoje torna-se prática cotidiana de atualização. As informações nos chegam rapidamente; e o que antes demorava uma década para mudar, nos dias atuais, ocorre da noite para o dia. Nesse sentido, também perde foco profissional o professor, que ano a ano lecionava conteúdos inéditos e imutáveis, doravante necessita de muito mais esforço para estar à frente de uma classe com o mínimo de exigência.
Esse mesmo profissional vê-se hoje diante de um dilema: transmitir conhecimento não é mais necessário, haja vista que outras fontes, inclusive gratuitas, o fazem; porém, não pode esquecer que, hoje e sempre, é fundamental ensinar a aprender. Dessa forma e diante das inúmeras possibilidades de acesso a informação que hoje existem, o que de certa forma banaliza a sua importância, deve o professor conduzir o aluno no intuito que possa o aprendizado ser mútuo e repleto de paixão.
Nessa retórica, o substantivo aluno perde sentido, já que, na semântica da palavra, aluno significa um corpo ou algo sem luz, ou seja, que não propaga. E isso fazia sentido em tempos passados, onde o professor tomando posse desse objeto sem luz o fazia perante uma formação, refletir. Na atual conjectura, prefere-se chamar então esse objeto de acadêmico, em resposta à formação básica que esse já traz de sua vida extra-acadêmica. Nesse novo contexto evolutivo, percebe-se que existem profissionais extremamente habilitados para militar em suas respectivas áreas e ainda, munidos de profunda experiência e conhecimento.
Entretanto, limitados quando o assunto é transmitir seus conteúdos, principalmente em vista à atual perspectiva de um novo perfil de acadêmico, não mais mero absorvedor de conhecimento, porém, sim, ativista na construção do que quer e precisa conhecer. O professor, que não deixa seu papel formador de lado, mas aplica frente a uma nova realidade, adere à prática do construtivismo, onde traz o acadêmico para o papel coadjuvante na perspectiva do aprendizado. Entretanto, o construtivismo não é um método para a prática pedagógica. Porém, o construtivismo contribui para o entendimento da forma como ocorre o aprendizado, e, nesse sentido, influencia na definição dos objetivos da educação formal e na formulação da intervenção pedagógica.
As teorias desenvolvidas por diversos autores da área do construtivismo deixam de fundamentar-se em concepções mecanicistas, comuns na prática atual, sobre o processo de ensino-aprendizagem, seguindo pressupostos interacionistas de pensadores como Vygotsky e Piaget. Do ato de ensinar, o processo desloca-se para o ato de aprender por meio da construção de um conhecimento que é realizado pelo educando, o qual passa a ser visto como um agente e não como um ser passivo que recebe e absorve o que lhe é passado. Enfim, o professor hoje deve ser um aliado na construção do indivíduo-acadêmico e não, simplesmente, um transmissor de disciplinas. Para tanto, o professor deve ainda estar apto e aberto às contínuas mudanças do nosso dia-a-dia.