sexta-feira, 21 novembro , 2025

Pelo Estado – De Pequim a NY, atuamos para blindar a economia e aumentar a renda em SC”

 

Paulo Bornhausen, Secretário Executivo de Articulação Internacional e Projetos Estratégicos de SC

 

Com um histórico de trabalho de prospecção de negócios internacionais para Santa Catarina, há pouco mais de cinco meses, Paulo Bornhausen foi convidado pelo governador Jorginho Mello (PL) para assumir a de Articulação Internacional e Projetos Estratégicos.

A Coluna conversou com ele para saber mais sobre as ações da pasta. Confira:

 

Pelo Estado: Secretário, o Governador Jorginho Mello tem liderado uma série de missões internacionais desde o início do governo. Qual a filosofia central por trás da sua atuação na Secretaria de Articulação Internacional e Projetos Estratégicos?

Paulo Bornhausen: A filosofia é bem objetiva: “Quem não é visto, não é lembrado.” O governador Jorginho Mello enxerga o potencial de Santa Catarina com a clareza de quem vê um estado que já é uma potência exportadora e que precisa urgentemente se posicionar no cenário global de forma mais assertiva. Nossa estratégia de articulação internacional não é uma agenda centralizada no turismo, mas sim uma agenda de Estado, focada no interesse catarinense.

 

Pelo Estado: Como essa agenda de Estado se traduz em termos de parcerias e regiões prioritárias?

Paulo Bornhausen: Estamos aplicando um foco sobre os nossos principais parceiros comerciais, aqueles que movem a agulha da nossa economia e que têm potencial de investimento e tecnologia. Viemos estabelecendo os eixos prioritários com a Ásia, a partir de China, Japão e os países da ASEAN, como Malásia, Singapura. São destinos essenciais para nossas exportações de proteína animal e para atração de investimentos em tecnologia e logística. Nas Américas temos os Estados Unidos, crucial em tecnologia de ponta e capital intelectual, além de Argentina e demais países do Mercosul, nossa vizinhança e mercados vitais. Também estamos estreitando os laços com a União Europeia, tendo Portugal como um hub, uma porta de entrada para o bloco, tanto em comércio quanto em atração de capital e novos modelos de negócios. Alcançando relações com esses governos, intensificamos a aproximação com o setor privado para prospectar novos negócios, investimentos diretos e tecnologia de ponta.

 

Pelo Estado: O senhor sempre ressalta que as relações paradiplomáticas de Santa Catarina precisam ser permanentes, independentes de governos. Como concretizar essa articulação internacional?

Paulo Bornhausen: Essa é a chave para a verdadeira projeção de um estado, e é um dos pilares da nossa área de Projetos Estratégicos. Nós institucionalizamos essa política em duas frentes. Primeiro, com uma agenda ordinária consolidada. É fundamental que exista uma agenda mínima a ser cumprida por todos os governos, ao longo dos quatro anos, alinhando o interesse do Estado com a iniciativa privada.

Essa agenda tem que ser técnica, de resultados, e não meramente política. Ela garante que os contatos e as negociações iniciadas não se percam a cada troca de gestão. Em segundo lugar, estamos criando pontos focais e uma representação permanente. Santa Catarina não pode ter um “horário comercial” no cenário internacional. O governador Jorginho Mello já nos deu a missão de estabelecer pontos focais em locais estratégicos De Pequim a Nova York, a estratégia de SC é blindar a economia e acelerar o aumento de renda dos catarinenses.

 

Pelo Estado: Esses pontos focais representam uma estrutura de governo no exterior? Qual o modelo adotado para que isso não gere um ônus fiscal ao Estado?

Paulo Bornhausen: A ideia é trabalhar com o conceito de parceria entre governo e setor privado na nossa representação. A Invest Santa Catarina e a ACATE (Associação Catarinense de Tecnologia) estão envolvidas nesse primeiro estágio, minimizando custos estatais e gerando sinergia com quem realmente faz negócios. É uma parceria que coloca o setor produtivo na linha de frente da prospecção.

 

Pelo Estado: E o Programa de Embaixadores Honorários de Santa Catarina, como ele se encaixa neste contexto e qual o seu potencial de expansão?

Paulo Bornhausen: O Programa de Embaixadores Honorários é a nossa rede de relacionamento voluntário e capilarizado. Temos hoje quatro Embaixadores Honorários, empresários, acadêmicos e líderes de comunidades catarinenses que, sem custo para o Estado, abrem portas, facilitam contatos e promovem Santa Catarina em suas regiões. Eles são os nossos advogados de defesa e os nossos agentes de prospecção. A expansão é contínua para que tenhamos um contato de valor em qualquer lugar do mundo. Estamos representados na China, Catalunha, Itália e Portugal.

 

Pelo Estado: Em 2025, a missão à Ásia foi particularmente produtiva. Começando pelo Japão, quais foram os objetivos alcançados, especialmente no que tange à sanidade animal?

Paulo Bornhausen: No Japão, fomos com dois objetivos claros, ambos alcançados. O primeiro foi um agradecimento formal ao modelo de sanidade animal japonês. É importante lembrar que o Japão separou Santa Catarina do restante do Brasil, reconhecendo nosso status diferenciado de área livre de febre aftosa sem vacinação e nos poupando do impacto de focos de gripe aviária em outros estados. Esse reconhecimento é uma chancela de valor inestimável para a nossa proteína animal. O segundo objetivo foi pedir celeridade na abertura do mercado japonês para a nossa carne bovina, já que possuímos um frigorífico apto e todas as credenciais de sanidade necessárias para atender ao rigoroso mercado japonês.

 

Pelo Estado: E a China, o principal parceiro comercial de Santa Catarina. O que a comitiva conseguiu em termos de diplomacia e comércio?

Paulo Bornhausen: A missão à China foi um marco. O governador Jorginho Mello foi o primeiro governo subnacional (estadual) a ser recebido pelo Ministério do Comércio, o que demonstra o nível de importância que o Estado tem para eles. O governador fez o pedido formal e direto para a retirada do embargo à carne suína. A China sugeriu nosso retorno para participar da principal feira de importação e ampliar os contatos, o que ocorreu com a ida da InvestSC novamente ao país, agora em novembro. Esse convite destacou a relevância de Santa Catarina como parceiro comercial e investidor.

 

Pelo Estado: O senhor costuma usar em sua fala a expressão de que o mundo está em “erupção”. Como uma Secretaria de Projetos Estratégicos transforma essa turbulência global em oportunidade de crescimento para o Estado?

Paulo Bornhausen: Vendo a crise como janela de oportunidades. O Brasil está fora dos grandes conflitos globais, o que nos torna um porto seguro para o capital internacional e uma potência comercial em ascensão. Santa Catarina se destaca por ser um “estado mais rápido”. Temos uma projeção do IBGE de 40 anos de crescimento populacional e o potencial de ter a maior economia dentre os estados do Sul em poucas décadas. A receita, daqui para a frente, é acelerar projetos estratégicos, desengavetar obras e iniciativas que paralisam o desenvolvimento, depois aumentar a renda do catarinense, para o equilíbrio entre o desenvolvimento social e o econômico. Por último, temos de atrair capital intelectual, oferecer estabilidade como estado e qualidade de vida para recebermos talentos e empresas de base tecnológica.

 

Pelo Estado: Poderia citar um exemplo concreto dessa atração de capital intelectual?

Paulo Bornhausen: Tivemos a honra de receber o primeiro investimento internacional da Corteva Agriscience – uma das maiores de milho e sementes do mundo – em uma empresa de biotecnologia em Florianópolis. É o primeiro investimento deles nas Américas, e a escolha por Santa Catarina é um atestado da nossa excelência em pesquisa, capital humano e ambiente de negócios.

 

Pelo Estado: Infraestrutura é um gargalo histórico. Quais são os principais projetos que o Governador Jorginho Mello está priorizando para destravar a logística catarinense, por meio de Parcerias Público-Privadas (PPPs) internacionais?

Paulo Bornhausen: O governador Jorginho Mello tem a coragem de fazer as obras que estavam há anos no papel e que, por sua magnitude, só saem do papel com uma forte parceria internacional e o modelo de PPPs. Os dois projetos de infraestrutura mais cruciais em que estamos avançando são a Ferrovia de Interligação dos Portos e a Via Mar. Não faz sentido ser o estado com os portos mais eficientes do Brasil se a produção não consegue chegar a eles ou sair com agilidade. A ferrovia de interligação é vital para o escoamento da nossa produção agrícola e industrial. Estamos em curso com conversas estratégicas para a modelagem dessa PPP. Já a Via Mar vai desafogar os nossos eixos rodoviários, envolvendo o modal marítimo e a reestruturação dos nossos portos para a logística do futuro.

 

Pelo Estado: Outro tema de grande relevância que o secretário divulga é a mobilidade urbana, com projetos de mobilidade 100% elétrica. Quais são as projeções e os planos?

Paulo Bornhausen: Modernizar a mobilidade é um projeto estratégico de Estado e o governador Jorginho Mello autorizou projetos de mobilidade 100% elétrica que visam a interligação de uma rota que speridade”, que passa por Itajaí, Florianópolis, Joinville e Blumenau, região que dá sinais de uma rápida conurbação e que, em 20 anos, estará visivelmente interligada em uma grande metrópole, com 1,5 milhão a 2 milhões de habitantes.

 

Pelo Estado: Como o Governo está costurando o financiamento e a execução de iniciativas?

Paulo Bornhausen: Então, temos o andamento do Promobis em Itajaí, estruturado e com previsão de mobilidade 100% elétrica na região da AMFRI. A ordem de serviço para o projeto de um túnel imerso até Navegantes também está prevista com recursos do governo estadual e privados. Em Florianópolis, a estratégia é a retomada de estudos que iniciaram com o Plamus, assim como um projeto para a mobilidade de massa já autorizado pelo governador junto ao Banco Mundial.

Em Joinville e Blumenau, a liberação de recursos estaduais será para que as associações regionais iniciem a estruturação de seus projetos, com a diretriz clara de que incluam a mobilidade 100% elétrica na pauta junto ao Banco Mundial e outros financiadores internacionais.

 

Pelo Estado: Para finalizar, a iminente Reforma Tributária impõe um desafio para Santa Catarina, que é um estado industrializado. O senhor identificou um “choque” no horizonte. Qual é a estratégia de antecipação do Governo Jorginho Mello para mitigar esse impacto e proteger a economia catarinense?

Paulo Bornhausen: A Reforma Tributária mudará o imposto arrecadado da produção para o consumo. Isso é um desafio enorme para um estado como o nosso, que produz para mais de 20 milhões de pessoas, mas que tem apenas 8 milhões de habitantes. Daqui a sete anos, fim da transição para o novo modelo, esse choque será sentido. Portanto, o nosso projeto estratégico de maior urgência é aumentar a renda do catarinense o mais rapidamente possível. Mais do que um projeto de infraestrutura física, o governador alinha as pastas do governo para a infraestrutura social e econômica. Santa Catarina deve multiplicar o número de micro e pequenas empresas sustentáveis e capacitadas para gestão e tecnologia.

Outro ponto focal é aumentar produtividade e renda em áreas de menor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) para garantir que o catarinense esteja mais bem preparado para o novo cenário tributário. Essa é a direção fundamental para o equilíbrio futuro do Estado e para fazer a vida dos catarinenses melhor, de fato.

 

 

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