Na Penitenciária Feminina de Criciúma, no sul de Santa Catarina, a rotina vai além da vigilância. Com 62% das internas envolvidas em atividades laborais, a unidade se tornou referência em ressocialização feminina no país. Atualmente, das 355 reeducandas, 220 estão inseridas em oficinas como panificadora e confecção de roupas, que oferecem capacitação, geração de renda e a chance real de recomeçar em liberdade.
Oficinas internas resgatam autoestima e geram renda
Dentro dos muros da unidade prisional, pães, massas e salgados são produzidos diariamente na panificadora e distribuídos para uma rede de supermercados da região. Já na oficina de costura, mulheres privadas de liberdade vivenciam sua primeira experiência profissional.
Segundo a diretora da unidade, Virginia Gabriela Gonzales, os benefícios vão muito além da renda.
“É possível verificar o resgate da autonomia financeira e familiar. A autoestima é diretamente impactada pelo contato com rotinas profissionais como metas, responsabilidade, asseio, hierarquia e capacitação”, destaca.
Entre os exemplos marcantes está o de uma interna que, após passar por convênios de trabalho dentro e fora da unidade, chegou a ser contratada formalmente, mudou de cidade e iniciou uma nova vida — interrompida apenas por um processo anterior.
Justiça penal mais humanizada impulsiona a transformação
A juíza Débora Driwin Rieger, da Vara de Execuções Penais de Criciúma, reforça que o Judiciário catarinense tem atuado de forma ativa no processo de ressocialização.
“Temos nos aproximado da realidade carcerária, incentivando projetos que promovem capacitação e oportunidades concretas de mudança de vida”, afirma.
Ela destaca que a pena deve cumprir seu papel ressocializador, conforme previsto na Constituição Federal e na Lei de Execução Penal. Para a magistrada, experiências como a de Criciúma são fundamentais para romper ciclos de exclusão e violência.
Oportunidades que mudam o futuro
As internas que deixam a penitenciária com uma profissão, ou até com um emprego garantido, enfrentam menos obstáculos na reinserção social. A rotina de trabalho transforma o ambiente, fortalece a autoestima e devolve o senso de utilidade às apenadas.
A experiência de Criciúma mostra que o sistema prisional pode ser, de fato, um ponto de virada.

