“Na formatura que assisti (do Proerd), encontrei elementos de minha utopia. Policial fardado aprendendo a ser educador ao formar crianças para que fortaleçam sua alma na paz e resistam às permissividades sugeridas pela delinquência. Os educadores de ofício aprendem, com o policial, valores necessários que a escola perdeu: a rigorosa disciplina, a ordem unida, o grito uníssono para confirmar um combinado, a redescoberta dos Hinos Pátrios. Os pais, ao se envolverem diretamente no programa, aprendem um pouco do policial e outro pouco do professor tornando-se educadores mais completos em sua própria casa.
Ganha a sociedade, que aprende a se proteger e a enfrentar a criminalidade com estratégias sólidas de segurança.
O Proerd ainda é ação modesta frente à magnitude dos problemas. São dez aulas ministradas na própria escola, mas que valem 20. Idealizado nos Estados Unidos na década de 80, foi introduzido no Brasil em 1992. Atua em muitas cidades catarinenses, inclusive em Tubarão.
Acredito que cada escola poderá ser uma fortaleza de combate às drogas e à violência e cada quartel uma escola de formação de policiais educadores.
A sociedade precisa descobrir e incorporar os valores do Proerd. Não basta mais desejar a paz. É necessário construí-la de forma solidária. Não basta mais querer que os soldados sacrifiquem sua vida pelo sossego de todos. É necessário fazer como os pais do André que são professores. Desejavam que ele seguisse outra profissão. Mas, vendo-o vocacionado para a farda, o ajudam a ser policial educador, e ele na escola ajuda-a a ser menos vulnerável aos ataques da criminalidade.
É necessário também redescobrir e cultivar a estima pública que o policial perdeu pelos desvios de muitos. Quero lembrar a poesia de Dimas Costa, A Morte do Brigadiano. Cito um verso: “Pequenito já brincava – nas guardas da molecada – fez uma farda inventada – com uns trapos de brim – duma tala de coqueiro – fez sua primeira espada – e organizou com a gurizada – uma brigada mirim.”
Enquanto se vê, nas periferias, muitas crianças se incorporando às milícias do tráfico, o Proerd e os policiais educadores ajudam outras a cultivarem, em seu coração, a aura da paz, a prezarem as virtudes da cidadania engajada.
André me deu o testemunho de que o Brasil tem jeito. Felicitações aos soldados, pelo seu dia, 25 de agosto.