“This is the golden age of something good and right and real” Taylor Swift, em STATE OF GRACE
Tem algo nessa frase que me lembra exatamente o que está acontecendo com o futebol em 2025. Mesmo num cenário instável, cheio de caos e incerteza, a sensação é que estamos vivendo uma era especial. Uma espécie de renascimento.
Essa é sim a nova era de ouro do futebol, não só pelos talentos que surgem, mas pela forma como o jogo está sendo reinventado. É tudo novo, às vezes imprevisível, mas tem algo muito verdadeiro acontecendo. Algo bom, certo e real.
Tudo mudou. A forma como a gente consome futebol mudou. Quem decide os títulos mudou. O futuro não bateu na porta, ele escancarou. E não é só uma sensação minha. É uma equação viva que mistura matemática, revolução digital e garotos de 18 anos enfrentando seus ídolos de infância no palco mais assistido do planeta.
E eu quero começar com a melhor notícia de todas.
Hexa vem aí. E não sou eu quem tá dizendo… é a matemática
A gente já sabe que futebol é imprevisível. Nenhuma estatística dá conta do que acontece em campo. Mas tem coisa que não é previsão, é padrão. E esse padrão está berrando em verde e amarelo.
Você acredita em coincidência? Porque depois de ler isso, vai ser difícil não acreditar. Eu estou transcrevendo aqui o vídeo genial do Guilherme Smaniotto (ver aqui) pra garantir que ninguém duvide do Hexa da Seleção Brasileira na Copa do Mundo 2026.
Vamos aos fatos:
- Em 1958, o Brasil ganhou seu primeiro título mundial, em plena Guerra Fria.
- Em 1962, veio o Bi, ainda com a Guerra Fria fervendo e o golpe militar se aproximando.
- Em 1970, o Tri, no auge da Guerra do Vietnã.
- Em 1994, o Tetra, durante a Guerra do Golfo.
- Em 2002, o Penta, pós-11 de setembro e no início da Guerra ao Terror.
Agora, em 2026, temos guerra na Ucrânia, em Gaza, tensão crescente entre Índia e China. O que vem na sequência? Hexa.
Agora olha os intervalos.
- 58 para 62: 4 anos
- 62 para 70: 8 anos
- 70 para 94: 24 anos
- 94 para 2002: 8 anos
- 2002 para 2026: 24 anos
A sequência é 4, 8, 24, 8, 24. E quem entende o mínimo de storytelling sabe que isso não é acaso. É construção.
Ancelotti nasceu em 10 de setembro de 1959.
1 + 9 + 5 + 9 = 24
“Carlo Ancelotti” tem 17 letras
“Seleção Brasileira” tem 14
17 + 14 = 31
3 + 1 também nos leva de volta ao 24
Ele parou de jogar em 1992. A Copa é em 2026.
2026 menos 1992 = 34
3 + 4 = 7
E quantos jogos o Brasil precisa vencer para ser campeão? Sete
Ancelotti já treinou 40 jogadores brasileiros
4 + 0 = 4
Soma com 3 + 4, e temos de novo a vibração do Hexa
Em 1962, o Santos ganhou a Copa do Brasil. O Brasil foi campeão mundial.
Em 2002, o Santos ganhou de novo. Brasil campeão de novo.
Em 2024, o Santos ganhou outra vez
E o mais importante: o Brasil nunca perdeu uma Copa do Mundo jogando na América do Norte.
1970, campeão
1994, campeão
2026…
Em 1994, Ancelotti estava no banco da Itália como assistente. O Brasil venceu, Baggio perdeu o pênalti, o Tetra veio. Ou seja, com Ancelotti no banco, o Brasil nunca perdeu uma Copa nos Estados Unidos.
A matemática está berrando. O Hexa está escrito.
O Casimiro não criou um canal.
Enquanto uns fazem conta para prever a próxima estrela no peito da Seleção, outros estão mudando a forma como a gente vê futebol. E se tem alguém que entendeu o que está acontecendo, esse alguém é Casimiro Miguel.
Na Copa do Mundo 2022, no jogo entre Brasil e Suíça, a CazéTV bateu quase 5 milhões de espectadores simultâneos no YouTube. Isso é mais do que muita emissora aberta. Na final, o pico foi ainda maior: 6,9 milhões de visualizações ao mesmo tempo. No Campeonato Carioca, a CazéTV somou quase 60 milhões de views em apenas 14 partidas.
Em novembro de 2022, Casimiro teve 210 milhões de visualizações e faturou mais de 160 mil dólares só no YouTube (cerca de 832 milhões de reais). Coca-Cola, Nubank, McDonald’s, iFood, Unilever e EstrelaBet não demoraram pra colar. Porque onde está a atenção, estão as marcas.
Em 2025, a Disney+ entrou no jogo e fechou com Casimiro uma parceria inédita para exibir a CazéTV em seu catálogo.
Durante a Copa do Mundo de Clubes, o canal bateu 29,8 milhões de horas assistidas em um único dia.
Casimiro não depende de concessão de sinal, nem de assinatura, nem de grade de programação. Ele entendeu que a atenção virou moeda e que o futebol precisa ser mais do que placar. Precisa ter piada, zoeira, xingamento, resenha. E precisa ter gente.
Casimiro não transmite futebol. Ele transmite pertencimento. E isso, hoje, vale mais que audiência.
Pra quem achou que o Mundial seria passeio… que que foi isso, hein?
Flamengo e Botafogo garantiram vaga nas oitavas logo na segunda rodada. Flamengo liderou o grupo. Botafogo passou como vice. O Real Madrid, sim, teve que suar até o fim pra se classificar. Quase não conseguiu.
Os argentinos já voltaram pra casa. Os europeus estão perdendo cabelo. E aqui a gente tá vendo o improvável acontecer. Brasileiro contra brasileiro nas oitavas. Jogo grande. Resenha garantida.
Botafogo venceu o PSG por 1×0 no Rose Bowl, e cara, que noite foi aquela. Igor Jesus marcou ainda no primeiro tempo, e o que eu vi depois foi um time que não tinha medo de sonhar. Sabe aquela sensação de David contra Golias, só que dessa vez David sabia exatamente onde mirar? Foi isso. O Botafogo não ficou se escondendo, não. Neutralizou o PSG na base da coragem inteligente, apostou nos contra-ataques com a frieza de quem já sofreu demais pra ter medo de francês milionário.
Flamengo foi Flamengo e quando digo isso, você já sabe o que significa. Líder invicto no Grupo D, virou o jogo contra o Chelsea por 3×1 depois de tomar o primeiro gol e ainda por cima ficar com um a menos. Danilo, Wallace Yan e Bruno Henrique fizeram o que tinham que fazer enquanto Miami virava um pedaço do Rio de Janeiro. Tem coisa mais linda que torcida brasileira tomando conta de estádio americano? Tem não.
Palmeiras fez o que Abel Ferreira ensina: trabalhar com a cabeça fria mesmo quando o coração tá acelerado. Empate por 2×2 contra o Inter Miami, mas terminou líder do Grupo A com a maturidade de quem sabe que fase de grupos é só o aquecimento. Time que entende que paciência também é virtude.
Fluminense, coitado, ainda tateando depois de tantas mudanças, mas sabe o que impressiona? A capacidade de não entregar os pontos mesmo numa fase confusa. Com Renato Gaúcho tentando achar o fio da meada, se classificou em segundo no Grupo F. E isso, meus amigos, é o que separa time grande de time pequeno, a capacidade de brigar mesmo quando tudo tá meio torto.
No total? Quatro times brasileiros disputaram 12 jogos, venceram 6, empataram 2 e perderam apenas 1. Não é estatística, é declaração de amor.
É a prova de que quando o brasileiro resolve que vai, ele vai mesmo. E o mundo que se prepare, porque o Mundial virou quintal de casa.
E quem subestimou, ainda pode entrar na torcida.
O mundo não gira. Ele capota
Quem, sinceramente, imaginava Botafogo e Palmeiras se enfrentando nas oitavas de final do Mundial de Clubes da FIFA?
PSG venceu o Atlético de Madrid por 4 a 0 na estreia. Em seguida, perdeu de 1 a 0 para o Botafogo, com gol de Igor Jesus. Na terceira rodada, o Atlético venceu o Botafogo por 1 a 0, mas foi eliminado mesmo assim.
Você pode fazer qualquer cálculo, desenhar qualquer lógica. Mas quando o árbitro apita, são onze contra onze. E o roteiro desanda.
Esse é o futebol que eu amo. Aquele que vira meme, que ignora estatísticas, que deixa especialista passando vergonha. O futebol que premia quem está assistindo de verdade.
Jamais conheça seus ídolos
Durante o Mundial de Clubes, enquanto a gente zoava europeu, tinha garoto vivendo o maior dilema emocional da carreira.
Estevão, 18 anos, vendido por mais de 60 milhões de euros ao Chelsea, disse em entrevista que estava difícil focar. Porque tudo o que ele conseguia pensar era no seu futuro na Europa. E ele falou isso depois de encarar o maior ídolo de todos.
“Ele deu uma piscada para mim, eu tremi as pernas, no começo do jogo”, contou Estevão sobre o encontro com Messi. Imagina a cena: o garoto que vai ser a próxima estrela brasileira tremendo as pernas por causa de uma piscadela. “É muita emoção, é um ídolo, uma referência não só para mim, mas para o mundo inteiro.”
Mas o que mais me tocou na entrevista foi quando ele disse: “No intervalo, eu estava puto, claro, a gente estava perdendo, mas eu já corri para o túnel e peguei a camisa e troquei com ele. É incrível, um cara que você joga com ele no videogame e aí você troca a camisa com o cara, divide o campo.”
Ali está a síntese perfeita da nossa geração: “um cara que você joga com ele no videogame”. Estevão cresceu controlando Messi no FIFA, sonhando em ser como ele, e de repente está ali, trocando camisa no túnel, dividindo o mesmo gramado. É o momento em que a realidade supera qualquer fantasia de console.
Wesley, titular do Flamengo, recebia R$150 de ajuda de custo no Clube Atlético Tubarão em 2021. Hoje está enfrentando o Chelsea. Imagina o que passa na cabeça dessa molecada?
É difícil não se perder. Porque não é só jogar contra o ídolo. É encarar o cara que você cresceu idolatrando. É tentar vencê-lo. E, às vezes, é de fato vencê-lo.
Esses jogadores não enfrentam só o adversário. Enfrentam a ideia que têm de si mesmos. E mesmo assim, seguem em campo. Jogam. Brilham. E provam que o futebol brasileiro ainda tem muito a dizer.
Por que é tão raro ver técnicos que fazem história dentro de um clube?
Mesmo quando um técnico está ganhando, ele pode cair. E isso diz tudo sobre o que virou o futebol profissional.
Jorge Jesus saiu do Flamengo por vontade própria, mesmo sendo campeão. Mourinho também saiu, mesmo com resultados. Por quê?
Porque há uma ilusão de que mudar é sempre sinal de movimento. E manter é sinônimo de estagnação. Mesmo quando não é.
Ficar requer estabilidade institucional. Exige confiança da diretoria. Precisa de visão de longo prazo. E hoje, poucos clubes têm paciência pra isso.
A exceção virou nota de rodapé, e que nota de rodapé bonita.
Simon Weaver está há mais de 15 anos no Harrogate Town, desde 2009. Ele é o técnico que mais tempo está no mesmo clube no futebol inglês, e tem uma peculiaridade que faria qualquer roteirista de série sorrir: seu pai é o chairman do clube desde 2011. Imagino as conversas no jantar de domingo. “Filho, sobre aquela escalação…” A história começou quando ele assumiu um time quebrado, sem dinheiro nem para treinar direito. Na primeira temporada, só não caíram porque outros clubes quebraram financeiramente. Hoje, Weaver já levou o Harrogate da sexta divisão à League Two, com duas promoções históricas. Sua mãe faz bolos para os jogadores comerem na volta dos jogos fora de casa. É futebol de família, no sentido mais literal e carinhoso da expressão. Meio Ted Lasso sabe?
Frank Schmidt está no Heidenheim desde setembro de 2007, quase 18 anos. A história dele é ainda mais poética: nasceu em Heidenheim, encerrou a carreira como capitão do clube da cidade natal, e foi chamado para ser técnico interino por apenas duas semanas. Dezoito anos depois, ainda está lá, tendo levado o time da quinta divisão alemã até a Bundesliga. A parte mais linda? Frank Schmidt disse uma vez que “minha vida toda é sobre continuidade. Ainda estou com minha primeira namorada. Simplesmente encaixa”. Ele é bancário formado, tinha plano B, mas escolheu o futebol. Quando perguntaram se já sentiu vontade de sair, a resposta foi direta: “Nem uma vez. Se tivesse sentido, teria agido”.
Pep Guardiola está no Manchester City desde 2016, já são mais de 8 anos. Ok, comparado aos outros dois, pode parecer pouco. Mas no mundo do futebol moderno, onde Guardiola já se tornou o técnico mais bem-sucedido da história do City com 18 troféus, oito anos é uma eternidade. Ele recentemente renovou até 2027, o que significa que pode chegar aos 11 anos no mesmo clube, algo raríssimo para um técnico do seu nível.
O que esses três homens têm em comum? Entenderam que o futebol pode ser sobre mais do que só ganhar títulos. Weaver construiu um legado familiar numa cidade pequena. Schmidt transformou sua cidade natal num conto de fadas alemão. Guardiola provou que genialidade e continuidade podem coexistir.
São três tipos diferentes de amor: o familiar, o comunitário, e o profissional que transcende o resultado. Em um mundo onde clubes fazem 20 mudanças de técnico enquanto outros constroem impérios de paciência, esses homens provam que algumas histórias ainda podem ser sobre permanência e a arte perdida de construir algo duradouro.
Não são só técnicos longevos. São homens que entenderam que às vezes a revolução está justamente em não revolucionar nada.
No futebol moderno, vencer não basta. É preciso resistir à urgência por novidade. O problema é que nem sempre a novidade sabe o que está fazendo.
O futebol não virou algoritmo. Ele virou revolução
Então é isso.
O futuro chegou e mudou tudo. A matemática está sussurrando sobre o Hexa da Seleção Brasileira. Um streamer chamado Casimiro está disputando audiência com redes de TV gigantes. Clubes brasileiros estão atropelando europeus no Mundial. Garotos de 18 anos estão enfrentando os ídolos que tinham no pôster do quarto. Técnicos campeões estão sendo demitidos no auge.
O futebol não é mais aquele esporte previsível que dava pra mapear só com tabela e estatística. Hoje, ele é caos. É conexão. É algoritmo, sim, mas também é alma. É improviso. É emoção. É TikTok, é Disney+, é YouTube, é resenha pós-jogo, é meme antes da coletiva.
Casimiro é mais relevante do que muito comentarista de emissora. Estevão está jogando contra o Messi. O Botafogo venceu o PSG. A conta maluca que prova o Hexa faz sentido. E se não faz, tanto faz. Porque ela movimenta.
E como diria Taylor Swift, essa é a era de ouro. Porque no meio da bagunça, a gente está vendo algo bom, certo e real.