Prefeito relembra apoio federal na enchente de Tubarão em 1974

Arquivo Notisul

Em entrevista ao Notisul, o ex-prefeito de Tubarão, Irmoto Feuerschuette, relembrou os dias dramáticos da enchente de 1974, que devastou a cidade. O desastre ocorreu entre os dias 23 e 24 de março, deixando milhares de desabrigados. Segundo ele, a cidade recebeu apoio do então presidente Ernesto Geisel e do governador Colombo Machado Salles. Helicópteros da Marinha e da Força Aérea Brasileira foram enviados para auxiliar no resgate da população.

Hoje escritor da Academia Tubaronense de Letras (Acatul), o político tubaronense lembra da tragédia com detalhes. “A pior situação foi a morte de uma família inteira, quase duas dezenas de pessoas no Caruru. Apenas três jovens sobreviveram. Dois deles ainda estão vivos. A família acreditava estar segura em uma das casas. Ficaram todos juntos. Foram atingidos pela lama quando a encosta cedeu”, lembra. Mesmo que alguns afirmem que a enchente provocou 199 mortes, Irmoto assegura que os controles da prefeitura, à época, registraram 156 mortes.

Chuva intensa e enchente inesperada

  • A enchente começou após dias de chuvas persistentes.

  • O prefeito foi alertado na madrugada de sábado, dia 22, que o rio Tubarão começava a transbordar.

  • No domingo, dia 22, helicópteros militares chegaram à cidade para iniciar os resgates.

No final do dia, já na segunda-feira, com a cidade alagada, sem energia, para reduzir o volume de água, o prefeito lembra que foi ao Quartel do Exército, pediu ao oficial no comando que pegasse uma carga de dinamite. De helicóptero foram à barra do Camacho. O vento era forte e a aeronave teve dificuldades para a aproximação. A pé, dinamitaram a barra. Imediatamente as águas começaram a baixar.

A cidade parou por meses

A tragédia paralisou Tubarão por semanas. O fórum municipal ficou fechado por 60 dias, e as aulas foram suspensas por pelo menos 15 dias. O Centro da cidade ficou inacessível, tomado por entulhos e troncos de madeira. A sede do governo municipal, funcionava onde hoje está a empresa TopBrasil, na Rua Tancredo Neves (antigo Cecomtu).

Retomada e apoio federal

Com a destruição generalizada, o governo federal e estadual intervieram. O Exército, já instalado na Cidade Azul, foi determinante na recuperação dos estragos. O Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOES) iniciou a retificação do rio para evitar futuras inundações. O governo de Santa Catarina disponibilizou muitos recursos para apoiar a cidade na reconstrução. O prefeito lembra que o então presidente Geisel liberou R$ 10 milhões de cruzeiros, a fundo perdido, para apoiar a prefeitura na reconstrução da cidade.

Impacto econômico e reconstrução

A enchente afetou a economia local, e a retomada levou meses. O mercado público e as pequenas lojas do Centro foram severamente danificados. O ex-prefeito destacou a importância das ações rápidas para minimizar os impactos e evitar novas tragédias.

  • Irmoto Feuerschuette defende a construção de barragens ao longo do Rio Tubarão, mesmo que a ação esteja muito prejudicada pela ocupação humana desde 1074.
  • Manter a barra do Camacho permanentemente aberta
  • Retirar areia e resíduos do leito do rio em uma redragagem
  • Manter os motores e as casas de bombas em condições de uso
  • Realizar uma obra de contenção das margens do Rio Tubarão, com concreto, para que a água siga o fluxo com mais facilidade.