A terceira safra da macroalga Kappaphycus alvarezii em Santa Catarina, encerrada em maio de 2024, confirmou o crescimento da nova cadeia produtiva no litoral catarinense. Foram comercializadas mais de 700 toneladas de algas in natura, gerando mais de R$ 10,8 milhões com a produção de biofertilizante. A safra envolveu produtores de nove municípios e reforçou o potencial econômico da atividade, que surgiu como alternativa para os maricultores impactados pela queda na produção de moluscos.
Descompasso entre produção e processamento gerou perdas
Apesar do crescimento expressivo, parte da produção não foi comercializada. Dos 1.154,95 toneladas colhidas, 260,40 toneladas não encontraram comprador e 143,46 toneladas se perderam por causa das chuvas. Segundo o pesquisador Alex Alves dos Santos, da Epagri/Cedap, isso ocorreu porque a única empresa que atuava na transformação da alga em biofertilizante não conseguia absorver toda a oferta, processando apenas 6 toneladas por dia, contra a oferta de 10 a 15 toneladas diárias pelos produtores.
- Capacidade de processamento em 2023/24: 6 t/dia
- Capacidade de produção dos produtores: 10 a 15 t/dia
- Produção total da safra: 1.154,95 toneladas
- Comercialização efetiva: 751,09 toneladas
- Preço médio da alga in natura: R$ 2,80/kg
- Biofertilizante vendido: 600.872 litros a R$ 18/litro
Investimento na safra 2024/25 amplia capacidade industrial
Para evitar novas perdas, a capacidade de processamento de biofertilizante será ampliada para 35 toneladas por dia na safra 2024/25, com a atuação de três empresas no lugar de apenas uma. A expectativa é de que a nova estrutura atenda melhor ao crescimento da produção e garanta renda estável aos maricultores.
A macroalga Kappaphycus alvarezii tornou-se uma alternativa viável de renda para os produtores, especialmente diante da retração do setor de moluscos. A produtividade média foi de 28,55 toneladas por hectare, com destaque para os produtores de Florianópolis, Palhoça, Bombinhas e Biguaçu.
Biomassa tem potencial além do biofertilizante
Além da aplicação como biofertilizante, a alga oferece potencial em outras áreas: biotecnologia, pecuária, mercado de créditos de carbono e alimentação animal. Após a extração do biofertilizante, 4% do volume restante — rico em carragenana e probióticos — é aproveitado para adubar o solo e alimentar suínos, aves e bovinos. A única limitação para a comercialização desse subproduto é a secagem eficiente, ainda em fase de testes por uma das empresas atuantes.
Produção ainda enfrenta desafios para consolidação
A cadeia da macroalga, aprovada para cultivo comercial em 2020, ainda enfrenta obstáculos típicos de uma atividade emergente. Segundo Alex, é necessário avançar na organização da produção, ampliar as plantas processadoras, diversificar os usos do produto e fortalecer os canais de comercialização. A pesquisa da Epagri e da UFSC, que durou mais de uma década, continua sendo essencial para o aprimoramento da cadeia produtiva.