Hoje, ao ver minha foto ao lado de tantos nomes que admiro, confesso: um frio na barriga me visitou. Um daqueles bons, que nos lembra que estamos vivos e começando algo importante. Sou novata por aqui, nessa fileira tão bonita de colunistas, mas é justamente desse lugar de começo – de quem ainda sente o chão balançar um pouco – que eu escrevo.
Minha trajetória sempre foi pela palavra falada, pelas palestras, pelos encontros onde o comportamento humano era o palco. E, de repente, sem aviso, a literatura foi entrando pela fresta da porta, aberta pela pequena Sophia e pelas minhas colegas da AJEBSC – Associação das Jornalistas e Escritoras do Brasil, Coordenadoria de Santa Catarina. Depois, pelas maratonas literárias, pelos encontros com as crianças, pela minha admissão na ACATUL – Academia Tubaronense de Letras e pelos silêncios que só os livros sabem preencher. E o que era fresta virou avenida.
Hoje, a literatura infantojuvenil não é só uma escolha profissional. Ela é um chamado. Um propósito. Aquele tipo de coisa que a gente sente no corpo, nas ideias, até nos cabelos brancos – que, por incrível que pareça, me deixaram mais próxima das crianças. Parece que elas enxergam nos meus fios prateados uma espécie de ponte, uma amiga mais velha, uma contadora de histórias que carrega o tempo nas raízes.
Aceitei este espaço nesta fileira linda, repito, por um motivo muito simples: quero contribuir. Quero ser mais do que alguém que escreve livros. Quero ser parte da transformação que a literatura pode causar. Quero ajudar a formar leitores, fortalecer bibliotecas, inspirar outros escritores e, principalmente, criar laços afetivos através das palavras.
Literatura, para mim, é isso: laço. É o fio invisível que conecta adultos e crianças num território comum de afeto, imaginação e descoberta.
Meu desejo é que esta coluna seja sempre um convite. Que cada texto meu chegue até você com o entusiasmo de quem ainda se emociona ao ver o próprio nome impresso. Acho que mamãe ficaria orgulhosa se estivesse aqui. Desejo ainda, que você leia minhas palavras e sinta a vontade de pegar um livro, de ler para uma criança, de criar espaços de leitura, de fazer da literatura um cotidiano mais leve e cheio de sentido.
Sigo aqui, com o frio na barriga, mas com o coração quente de quem está exatamente onde deveria estar.
Nos encontramos nas próximas linhas.