Letícia Matos
Tubarão
Ele é o protagonista nos dias em que fortes chuvas atingem a Cidade Azul e região. O Rio Tubarão não é apenas monitorado pelos órgãos ambientais e meteorológicos.
É acompanhado por cada tubaronense e, principalmente, por moradores da cidade que há 41 anos viveram a tragédia da enchente e que de certo modo traumatizou muitas pessoas. “Viste o rio?”. “O rio está bem alto”. “Qualquer coisa vamos todos para a Catedral”. Essas são expressões comuns em época de chuva intensa e a angústia do “rio quando chove” só deve acabar com a obra de desassoreamento, que há sete anos ainda está no papel.
Há risco de uma nova inundação? Sim, há! E as ações devem ser agilizadas para que o pior não ocorra. Cerca de 50% do rio está assoreado, o que demonstra a necessidade de realização das obras de melhoramento para reduzir os impactos das chuvas na área. Ainda não há uma previsão para o início das atividades de desassoreamento.
O gerente da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola (Cidasc), em Tubarão, Claudemir Souza dos Santos, destaca que em 2013 foi concluído o projeto executivo da obra em uma primeira etapa e, atualmente, é aguardado o agendamento das audiências públicas em Tubarão e em Laguna pela Fundação do Meio Ambiente (Fatma) para a apresentação do projeto ambiental, concluído no mês passado.
“As audiências são para validar o projeto ambiental. Com a licença ambiental prévia aprovada, podemos iniciar a captação de recursos. O caminho ainda é longo, mas não podemos parar. Estamos fazendo de tudo para ter um projeto com a maior segurança técnica possível”, destaca.
O projeto
O projeto executivo para o desassoreamento do Rio Tubarão engloba os projetos básico e de impacto ambiental, todos fundamentais para a execução da obra. A ação prevê dragagem, aprofundamento e recuperação da calha do Rio Tubarão para melhorar o escoamento e reduzir as possibilidades de cheias.
A obra foi recomendada pelo Comitê de Bacia do Rio Tubarão. Pelo menos 6.831.455,075 metros cúbicos de areia serão removidos de um trecho de 29,7 quilômetros do manancial, entre a área urbana de Tubarão e a foz do rio, em Laguna. Depois, será elaborada e lançada uma nova licitação para escolher a empresa que realizará os trabalhos.
A partir da ordem de serviço para a redragagem, estima-se um prazo de dois anos para a vencedora da licitação concluir o serviço.
4,4 mil pessoas são afetadas pelas chuvas
Nos últimos quatro dias, a Defesa Civil de Santa Catarina contabilizou 80 ocorrências devido às fortes chuvas, vendaval ou granizo em 73 municípios, de acordo com o último relatório – divulgado ontem.
Os dados preliminares apontam que mais de 4,4 mil pessoas foram afetadas, duas ficaram feridas e quase 700 imóveis foram atingidos entre quarta-feira e sábado. O sul e a serra foram as regiões mais atingidas.
Entre as ocorrências são destacados os municípios de Orleans, com alagamentos e enxurradas; queda de granizo em Pedras Grandes e Treze de Maio, e alagamentos em Jaguaruna, Tubarão, Rio Fortuna, Laguna, Grão-Pará, São Martinho e Capivari de Baixo. Conforme o secretário da defesa civil da Cidade Azul, Rafael Marques, desde a última sexta-feira não houve o registro de ocorrências no município e a situação está sob controle. “Estamos mais tranquilos porque desde sábado o rio voltou ao seu nível normal. Continuamos com os nossos trabalhos de monitoramento e a expectativa é de que a chuva diminua”, expõe.
Previsão
Os últimos dias de inverno terão domínio de um ar quente sobre Santa Catarina, com temperaturas elevadas, típicas de verão. A chuva forte irá para o Rio Grande do Sul, trazendo alívio para a serra e o sul, que ainda terão alguma chuva hoje.