Selic em 14,75%: como isso impacta seus investimentos?

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Alta dos juros pressiona consumo e crédito, mas favorece aplicações conservadoras e setores defensivos na Bolsa

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu elevar a taxa básica de juros, a Selic, para 14,75% ao ano — o maior patamar desde agosto de 2006. A medida é uma resposta à persistência da inflação e à pressão cambial, que continuam afetando o consumo das famílias e retardando a recuperação econômica.

Em abril, o IPCA-15 — prévia da inflação oficial — avançou 0,43%. Embora tenha desacelerado em relação a março (0,64%), o acumulado em 12 meses chegou a 5,49%, superando o teto da meta do Banco Central, fixado em 4,5%.

Nesse ambiente de juros altos, investidores buscam alternativas seguras e rentáveis. Simulações mostram que, em aplicações de R$ 1.000 por um ano, produtos isentos de imposto de renda, como LCI e LCA com retorno de 97% do CDI, entregam uma rentabilidade bruta de R$ 140,65. Isso significa que o investidor termina o período com R$ 1.140,65.

Já um CDB que paga 116% do CDI oferece rendimento bruto de R$ 159,50. Após o desconto do imposto de renda (22,5%), o ganho líquido é de R$ 127,60, resultando em um total de R$ 1.127,60 ao fim de 12 meses.

O Tesouro Selic, com taxa de administração de 0,25% ao ano, gera rendimento bruto de R$ 145,10. Após a incidência de imposto de renda, o valor líquido sobe R$ 113,79, totalizando R$ 1.113,79.

Fundos DI, que costumam aplicar em títulos públicos e seguem de perto a Selic, entregam rentabilidade bruta de R$ 145,00. Com taxa de administração de 0,5% ao ano e imposto de renda, o rendimento líquido fica em R$ 111,42, ou seja, o investidor recebe R$ 1.111,42 ao final do período.

A poupança, mesmo com a Selic elevada, permanece com rendimento inferior: 7,5% ao ano. Em termos nominais, isso representa um ganho de R$ 75,00, elevando o saldo para R$ 1.075,00 em um ano.

Esses números mostram que, com a Selic em alta, ativos conservadores vinculados ao CDI e ao Tesouro Nacional voltam a ganhar atratividade. Ainda assim, é importante considerar fatores como liquidez, isenção de imposto e custos de administração ao escolher onde investir.

Além da renda fixa, o cenário também favorece setores defensivos da Bolsa de Valores, como energia, saneamento e saúde. Essas empresas tendem a apresentar menor volatilidade e maior capacidade de repasse de preços, o que pode proteger os investidores em momentos de incerteza macroeconômica.