Sobre o suicídio de jovens e adolescentes

Adalberto Penna
Consultor, Palestrante e Coach
adalberto.penna@apenna.com.br

Este é um assunto muito sério e que deveria ser encarado de frente por todos os pais, educadores e pessoas em geral que se relacionam com crianças, adolescentes e jovens.
Pesquisas recentes* dão conta de que o crescimento do suicídio entre crianças, adolescentes e jovens, cresceu significativamente nos últimos 15 anos, no Brasil.

A variação entre os anos de 2000 e 2015 atingiu 65% entre os de idade entre 10 a 14 anos. Aumentou em 45% nos jovens entre 15 e 19 anos e 23% na faixa de 20 a 29 anos.
Leviano seria em tentar imputar uma causa única para tal atitude, pois elas vão desde problemas com a sexualidade, bullying, dificuldades no relacionamento com colegas e familiares, lidar com frustrações, entre tantas outras. Mas certamente o ´distanciamento´ (não apenas físico) entre pais e filhos, o excesso de liberdade, a permissividade excessiva, a falta de carinho, de atenção, de disciplina, e a falta de interesse ´genuíno´ dos pais pelos seus filhos, são alguns dos fatores que levam os jovens a tomarem atitudes tão radicais e extremas como o suicídio.

Tenho visto pais que permitem que seus filhos ´mandem´ neles. Não há hierarquia comportamental. Pais que não têm coragem de mostrar aos filhos que o mundo não é um mar de rosas. Aliás, alguns até tiraram os espinhos das rosas e montaram para seus filhos um mundo apenas de ´pétalas de rosas´, com medo que seus filhos se ferissem nos espinhos.
Criam crianças com tantas artificialidades, que qualquer contrariedade, vira uma frustração ´insuportável´.

Estes pais ´carregam seus filhos no colo´ o tempo todo, de modo que quando estes filhos tiverem necessidade de andarem com suas próprias pernas, não terão forças suficientes para caminharem sozinhos. “Seus músculos não estarão desenvolvidos para encarar o mundo como ele é”.

Crianças e jovens (alguns não tão jovens assim) vivem tanto no mundo virtual criado por seus pais ou mesmo em jogos digitais, que já não sabem diferenciar o virtual do real.
É comum encontrar em restaurantes e locais públicos, crianças de colo segurando um tablet ou um smartphone enquanto seus pais ou tutores se distraem com outras coisas, comidas e conversas paralelas.

Qual a educação e atenção que está sendo dispensada àquele ser que está ao seu lado e que requer a atenção dos pais?

Esta atitude se perpetua quando estas crianças crescem e entram na escola. Mesmo com seu cérebro não conseguindo distinguir o que é real e o que é virtual.

Tais crianças não chegam a sentir absolutamente nenhuma necessidade ou dificuldade em nada, pois estes pais ´superprotetores´ estarão ´por perto´ para suprirem suas ´necessidades´. Porém, as necessidades materiais podem ser facilmente supridas ou suportadas, mas as necessidades psicológicas e espirituais, não são assim tão óbvias e detectadas por meio de um ´simples´ choramingo, berreiro ou crise de raiva de um adolescente na ´reivindicação´ por um smartphone novo.

No meu entendimento, há a necessidade de os pais serem, ‘de fato’, mais presentes na vida de seus filhos. Ouvindo-os não apenas com o sentido da audição, mas escutando-os, de fato, sobre suas necessidades, angustias e desejos. Desta forma há uma possibilidade de se conhecer os filhos, e ao conhecê-los, dar-lhes o que eles precisam e não o que eles querem. Pois o essencial, como carinho e amor, não se compra com dinheiro.

* Fonte: Datasus/Ministério da Saúde