A escalada de tensões entre Brasil e Estados Unidos em 2025 transformou questões judiciais internas em uma das maiores crises diplomáticas e comerciais entre os dois países em décadas.
A crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos que se desenrola em 2025 representa um fenômeno inédito nas relações internacionais: a transformação de processos judiciais internos brasileiros em instrumentos de pressão comercial americana. O epicentro dos eventos envolve diretamente o Supremo Tribunal Federal (STF), o governo Lula, a família Bolsonaro e o presidente americano Donald Trump.
Janeiro: O Retorno de Trump ao Poder
Em 20 de janeiro de 2025, Donald Trump tomou posse como o 47º presidente dos Estados Unidos, retornando à Casa Branca após quatro anos de governo democrata. A cerimônia, realizada na Rotunda do Capitólio devido ao frio intenso, sinalizou o retorno da agenda “America First” e prometeu reformulações nas práticas comerciais globais.
O presidente Lula manteve a tradição diplomática brasileira, enviando cumprimentos formais ao novo presidente americano e reafirmando os “laços fortes” entre os dois países. Contudo, já sinalizou que a relação seria pautada pela reciprocidade: “Se ele taxar os produtos brasileiros, haverá reciprocidade do Brasil em taxar os produtos americanos”, declarou em 30 de janeiro.
Fevereiro: Eduardo Bolsonaro sai do Brasil
O primeiro movimento que alteraria dramaticamente o cenário das relações bilaterais ocorreu em fevereiro de 2025, quando Eduardo Bolsonaro, deputado federal e filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, mudou-se para os Estados Unidos.
Segundo dados obtidos via Lei de Acesso à Informação, Eduardo havia passado mais dias fora do Brasil do que no país durante os primeiros meses de 2025, acumulando 36 dias no exterior em um período de 47 dias úteis. A justificativa apresentada foi a alegação de “perseguição política” no Brasil, especialmente relacionada aos processos que seu pai enfrentava no STF.
Março: A Formalização da Estratégia
Em 18 de março de 2025, Eduardo formalizou sua ausência ao solicitar licença de 122 dias da Câmara dos Deputados – dois por motivos de saúde e 120 por interesse pessoal. O timing foi estratégico: a licença foi pedida uma semana antes de o STF tornar Jair Bolsonaro réu na ação penal sobre a suposta tentativa de golpe de Estado em 2022.
Durante o anúncio da licença, Eduardo fez críticas diretas ao STF e ao ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal contra seu pai, deixando clara a intenção de usar a influência nos Estados Unidos para pressionar as instituições brasileiras.
Abril: O “Dia da Libertação” Tarifário
Em 2 de abril de 2025, Trump anunciou o que chamou de “Dia da Libertação”, implementando tarifas globais sobre importações. Nesta primeira rodada, o Brasil recebeu uma tarifa de 10%, enquanto outros países enfrentaram taxas variadas: China 34%, União Europeia 20%, Vietnã 46%.
A medida foi justificada por Trump como “tarifas recíprocas” para países que cobravam taxas de importação de produtos americanos. Para o Brasil, que historicamente mantém relações comerciais equilibradas com os Estados Unidos, a justificativa econômica parecia frágil, sugerindo motivações políticas subjacentes.
Maio: A Justiça Brasileira Reage
A resposta das instituições brasileiras às articulações de Eduardo Bolsonaro veio em maio de 2025, quando a Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou ao STF a abertura de inquérito para investigar o deputado por coação no curso do processo, obstrução de investigação de infração penal envolvendo organização criminosa e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
O ministro Alexandre de Moraes assumiu também este inquérito, focando especificamente na suposta atuação de Eduardo junto ao governo americano para incitar sanções contra autoridades brasileiras.
Junho: Bolsonaro Confessa o Financiamento
O ponto de inflexão ocorreu em 5 de junho de 2025, quando Jair Bolsonaro foi convocado para depor à Polícia Federal no âmbito do inquérito sobre as atividades de seu filho. Durante o depoimento, o ex-presidente admitiu ter enviado “bastante dinheiro legal” (R$ 2 milhões) para custear a estadia de Eduardo nos Estados Unidos.
Bolsonaro justificou a remessa como forma de evitar que o filho passasse “necessidade” em solo americano, negando qualquer “trabalho” ou “lobby” para “sancionar quem quer que seja no Brasil”. Contudo, a confissão forneceu às autoridades brasileiras evidências concretas da conexão entre os recursos e as atividades de pressão internacional.
Julho: A Explosão da Crise
Primeira Semana de Julho
Em 6 de julho, Trump fez a primeira ameaça direta aos países do BRICS, anunciando tarifa adicional de 10% para nações alinhadas às “políticas antiamericanas” do bloco. O Brasil, como membro fundador do BRICS, estava automaticamente incluído.
No dia seguinte, Trump elevou o tom ao defender publicamente Jair Bolsonaro, postando nas redes sociais que o ex-presidente brasileiro era alvo de uma “caça às bruxas” e que “não é culpado de nada”. A postagem representou uma interferência direta e sem precedentes de um chefe de Estado americano em processos judiciais brasileiros.
9 de Julho: A Bomba Explode
O momento mais crítico chegou em 9 de julho de 2025, quando Trump enviou uma carta diretamente ao presidente Lula anunciando tarifas de 50% sobre todos os produtos brasileiros. A carta, publicada na rede social Truth Social, diferiu drasticamente das mensagens padronizadas enviadas a outros líderes mundiais, incorporando justificativas explicitamente políticas. Isso também colocou o Brasil na lista oficial de países hostis aos EUA.
Trump citou diretamente Bolsonaro: “Conheci e tive contato com o ex-presidente Jair Bolsonaro, e o respeitei profundamente, assim como a maioria dos outros líderes mundiais. A maneira como o Brasil tem tratado o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma desgraça internacional.”
A carta também atacou diretamente o STF, alegando “ataques insidiosos do Brasil contra as eleições livres e os direitos fundamentais de liberdade de expressão dos americanos”, referindo-se às decisões do tribunal sobre plataformas de mídia social.
A Resposta Brasileira
A reação do governo brasileiro foi imediata. Lula declarou que o Brasil “não aceitará ser tutelado por ninguém” e que o processo judicial contra os envolvidos na tentativa de golpe é “de competência exclusiva da Justiça brasileira”. O governo anunciou ainda que devolveria a carta de Trump, considerando-a inadequada para as relações diplomáticas.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi específico ao identificar a conexão Bolsonaro-Trump como o verdadeiro motivo da crise: “O que sobra na verdade para manutenção dessa tarifa de 50%? A questão individual da relação do Trump com o ex-presidente Bolsonaro”.
15 de Julho: “Porque Eu Posso”
Quando questionado por jornalistas sobre as justificativas para as tarifas contra o Brasil, Trump ofereceu uma resposta que expôs o caráter arbitrário da medida: “Estamos fazendo isso porque eu posso fazer. Ninguém mais seria capaz”. A declaração ignorou completamente fatores econômicos, confirmando que a decisão foi puramente política.
17 de Julho: A Carta Direta
A escalada atingiu novo patamar quando Trump publicou uma carta endereçada diretamente a Jair Bolsonaro, não ao governo brasileiro. A mensagem, com timbre da Casa Branca, foi publicada na Truth Social e representou um bypass total da diplomacia tradicional.
“Eu vi o terrível tratamento que você está recebendo nas mãos de um sistema injusto voltado contra você. Este julgamento deve terminar imediatamente!”, escreveu Trump.
A resposta do governo brasileiro foi classificar a carta como “chantagem”. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, declarou: “A carta de Donald Trump a Jair Bolsonaro expõe cruamente a chantagem que estão fazendo contra o Brasil.”
18 de Julho: O Dia que Mudou Tudo
Em 18 de julho de 2025, a situação explodiu definitivamente. Pela manhã, a Polícia Federal deflagrou operação contra Jair Bolsonaro, cumprindo mandados de busca e apreensão em sua residência e na sede do Partido Liberal em Brasília.
As medidas cautelares impostas por Alexandre de Moraes incluíram uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento domiciliar das 19h às 6h nos dias de semana e integral nos fins de semana, proibição do uso de redes sociais, e vedação de contato com embaixadores e diplomatas estrangeiros.
Moraes justificou as medidas alegando que Bolsonaro e Eduardo atuaram “de forma deliberada e ilegal, em colaboração”, com o intuito de “submeter o funcionamento do STF aos Estados Unidos da América”.
A Resposta Americana
Poucas horas após a operação da PF, o secretário de Estado americano Marco Rubio anunciou a revogação dos vistos de Alexandre de Moraes, de “seus aliados no tribunal” e de seus familiares. A medida teve “efeito imediato” e representou uma escalada sem precedentes nas relações diplomáticas.
“O presidente Trump deixou claro que seu governo responsabilizará estrangeiros responsáveis pela censura de expressão protegida nos Estados Unidos”, declarou Rubio.
Os Últimos Capítulos
Em 20 de julho, Eduardo Bolsonaro, em transmissão ao vivo, anunciou que não renunciaria ao mandato e fez ameaças diretas a delegados da Polícia Federal: “Cachorrinho da Polícia Federal que está me assistindo. Deixa eu saber não, irmão. Se eu ficar sabendo quem é você, eu vou me mexer”, mencionando especificamente o delegado Fábio Shor, responsável pelos principais inquéritos contra Bolsonaro.
Impactos e Perspectivas
Econômicos
As tarifas de 50% representam um bloqueio virtual do comércio Brasil-EUA, afetando US$ 40,4 bilhões em exportações brasileiras anuais. Setores como aviação (Embraer), petróleo (Petrobras), agronegócio (café, carne, soja) e siderurgia enfrentam perdas substanciais se as medidas entrarem em vigor.
Diplomáticos
A crise representa o pior momento das relações Brasil-EUA em décadas. A revogação de vistos de ministros do STF é sem precedentes na diplomacia bilateral, sinalizando uma ruptura que pode perdurar além do mandato de Trump.
Posição Brasileira
Em 21 de julho, mesmo com a pressão máxima dos Estados Unidos, o ministro Fernando Haddad reafirmou que “o Brasil não vai sair da mesa de negociação” mas manteve a posição firme do país, destacando que “diversos países vinham sendo afetados pelo tarifaço americano, mas nós temos uma particularidade: a relação individual entre a família Bolsonaro e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump”.
Análise: O STF na linha de frente
Os questionamentos sobre a isenção do Supremo Tribunal Federal nos casos envolvendo Jair Bolsonaro ganhou nova dimensão internacional em 2025, quando as decisões da Corte brasileira se tornaram um fator nas relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos. O presente relatório documenta os principais fatos e dados que evidenciam este cenário complexo.
Cronologia dos Principais Processos e Decisões
Abertura do Inquérito das Fake News (2019-2025)
O ponto inicial da controvérsia remonta ao inquérito aberto em março de 2019. O ministro Dias Toffoli, então presidente do STF, instaurou de ofício o Inquérito 4781, conhecido como “Inquérito das Fake News”, designando Alexandre de Moraes como relator sem sorteio. Este procedimento já gerou questionamentos por contrariar o rito convencional do tribunal.
Duração e prorrogações: O inquérito foi prorrogado sucessivas vezes desde sua abertura. Em dezembro de 2024, Moraes prorrogou a investigação por mais 180 dias, sinalizando que seria a última extensão. Até julho de 2025, o inquérito já completava mais de seis anos de tramitação, tornando-se um dos processos com maior tempo de duração no STF.
Número de operações: Desde 2019, foram executadas pelo menos 18 operações de busca e apreensão, 12 ordens para ouvir testemunhas ou suspeitos e aplicadas duas medidas restritivas no âmbito do inquérito.
Decisões Quantificadas Contra o Governo Bolsonaro
Um levantamento identificou que o STF tomou 123 decisões que afetaram diretamente o governo Bolsonaro entre 2019 e 2021. Destas decisões, Alexandre de Moraes foi identificado como o ministro com maior número de decisões contrárias ao governo, seguido por Ricardo Lewandowski, Luís Roberto Barroso, Cármen Lúcia e Rosa Weber.
Decisão Unânime: Bolsonaro se Torna Réu
Em março de 2025, a Primeira Turma do STF decidiu por unanimidade tornar Bolsonaro e mais sete aliados réus na ação penal sobre tentativa de golpe de Estado. A decisão foi proferida pelos ministros Alexandre de Moraes (relator), Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.
Medidas Cautelares e Controvérsias (Julho 2025)
Imposição da Tornozeleira Eletrônica
Em 18 de julho de 2025, Moraes determinou medidas cautelares contra Bolsonaro, incluindo:
Uso de tornozeleira eletrônica
Recolhimento domiciliar entre 19h e 6h (segunda a sexta) e integral nos fins de semana
Proibição de contato com embaixadores e autoridades estrangeiras
Vedação ao uso de redes sociais
Impedimento de comunicação com Eduardo Bolsonaro
Votação na Primeira Turma: As medidas foram mantidas por 4 votos a 1. Votaram a favor: Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cristiano Zanin e Cármen Lúcia. Luiz Fux foi o único a divergir, considerando as medidas “desproporcionais”.
Questionamentos Técnicos às Medidas
Especialistas apontaram que a decisão não detalhou especificamente os fatos que justificariam o “risco de fuga”. O termo “fuga” aparece apenas duas vezes no documento da decisão. Juristas classificaram a decisão como violadora de garantias básicas, argumentando que não há evidências robustas para aplicação do artigo 359-I do Código Penal (atentado à soberania).
Dados sobre Divergências Internas no STF
Fissuras na Unanimidade
Embora o STF mantenha uma imagem pública de unidade institucional, pesquisas identificaram divergências crescentes em relação aos procedimentos de Moraes. O ministro Luiz Fux tem se posicionado de forma mais crítica, divergindo em casos como:
Suspensão do X: Embora tenha acompanhado Moraes, Fux discordou da multa de R$ 50.000 para quem acessar a rede via VPN
Medidas cautelares contra Bolsonaro: Foi o único a votar contra, considerando-as desproporcionais
Críticas da OAB aos Procedimentos
A Ordem dos Advogados do Brasil emitiu múltiplas notas criticando práticas de Moraes, especificamente sobre:
Negativa de sustentação oral: Moraes tem impedido sistematicamente sustentações orais em agravos regimentais
Uso do regimento interno: A OAB contesta a alegação de que “o regimento interno do Supremo tem força de lei específica prevalecendo sobre a norma geral”
Violação da ampla defesa: As práticas são classificadas como violação à Constituição
Dados Comparativos: Decisões Favoráveis vs. Contrárias
STF e Governo Lula vs. Bolsonaro
Dados de 2025 mostram que o STF decidiu favoravelmente ao governo Lula em 89% das ações constitucionais (99 de 111 ações). Este índice contrasta significativamente com o período Bolsonaro, quando o tribunal teve postura bem mais restritiva.
Decisões Favoráveis a Bolsonaro
Apesar da narrativa de perseguição, a BBC Brasil identificou 15 momentos em que o STF decidiu favoravelmente a Bolsonaro e seus aliados durante seu governo, incluindo:
Suspensão de investigações contra Flávio Bolsonaro (janeiro 2019)
Manutenção do foro privilegiado de Flávio Bolsonaro (novembro 2021)
Não interferência em políticas centrais do governo
Procedimentos Questionados e Fundamentação Legal
Abertura do Inquérito das Fake News
Base legal contestada: O inquérito foi justificado com base no artigo 43 do regimento interno do STF, que permite ao presidente instaurar inquérito “se ocorrer infração à lei penal na sede ou dependência do tribunal”. Toffoli deu interpretação extensiva, considerando redes sociais como “ambiente de infração”.
Críticas ao procedimento: O ministro Marco Aurélio Mello foi uma das vozes críticas, defendendo que o Supremo deveria “manter uma necessária distância de investigações que envolvam apuração de suposto crime contra a própria Corte”.
Concentração de Inquéritos sob Moraes
A relatoria de Moraes concentra múltiplos inquéritos conexos:
Inquérito das Fake News (4781)
Inquérito das Milícias Digitais (4874)
Investigação dos atos de 8 de janeiro (4879)
Investigação da tentativa de golpe de Estado
Essa concentração ocorre por “conexão” em vez de distribuição por sorteio, procedimento que tem gerado questionamentos.
Impactos Econômicos e Diplomáticos
Investigação de Insider Trading
Moraes determinou investigação sobre possível uso de informações privilegiadas em operações cambiais realizadas no dia do anúncio do tarifaço. A Advocacia-Geral da União solicitou que os fatos fossem apurados no âmbito do inquérito contra Eduardo Bolsonaro.
Respostas Institucionais
Posição do STF
O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, respondeu às críticas de Trump afirmando que “no Brasil de hoje, não se persegue ninguém” e que a tarifa americana teve como fundamento uma “compreensão imprecisa dos fatos”.
Defesa da Soberania
Barroso listou diversos episódios desde 2019 que justificariam a atuação do Judiciário, incluindo tentativas de atentados terroristas, ameaças a ministros e acampamentos pedindo deposição do presidente eleito.
Mas afinal, o STF foi isento ou não?
Os fatos documentados evidenciam um cenário complexo onde questões procedimentais internas do STF se entrelaçaram com dinâmicas geopolíticas internacionais. Os dados mostram tanto elementos que questionam determinados procedimentos do tribunal quanto justificativas institucionais para sua atuação. A concentração de poder decisório em poucos ministros, especialmente Alexandre de Moraes, e o timing político de algumas decisões alimentaram questionamentos sobre imparcialidade, enquanto decisões colegiadas e fundamentação jurídica forneceram respaldo técnico às medidas adotadas.
A cronologia dos eventos demonstra como a atuação do STF nos processos contra Bolsonaro se tornou um elemento central na escalada de tensões diplomáticas com os Estados Unidos, culminando no tarifaço de Trump e nas sanções contra ministros brasileiros, configurando um precedente inédito de interferência externa em processos judiciais nacionais.
Esta matéria foi elaborada com base em documentação jornalística e documentos públicos que inclui mais de 70 fontes confiáveis, garantindo a precisão factual dos eventos relatados.