Triatleta atropelada sonhava competir no Ironman e era colega de bombeiro

Mãe, educadora, atleta. Mesmo com uma profissão bem diferente da de atleta Ludimila Barbosa, 40 anos, dedicava-se ao esporte como uma profissional. Era dessas apaixonadas por qualquer tipo de modalidade que envolve superação de desafios: ciclismo, natação, triatlo.

Não tinha tempo ruim. Ludy, como era chamada de forma carinhosa, fazia esportes com um grupo animado de amigas e até o filho de 12 anos seguia os seus passos. O sonho era competir no Ironman em 2019, a competição mais desafiadora para um atleta.

Mas o último desafio acabou de forma triste. Ludimila foi atropelada por uma lancha do Corpo de Bombeiros durante a 6ª Etapa do Campeonato de Maratonas Aquáticas do Tocantins no último domingo (02) e não resistiu aos ferimentos. Ela morreu na última terça (04).  

A atleta é lembrada por quem conhecia como uma pessoa de bem com a vida e que sempre estampava um sorrisão no rosto. Os desafios eram dentro e fora do esporte para conseguir conciliar a profissão , a família e o amor pelas competições principalmente de triatlo, esporte pelo qual era federada.  

“A verdade da vida é que a vida é rápida, um piscar de olhos. Tem que se dar o máximo, não ficar com tristeza. Ela era uma pessoa cheia de energia. Boa educadora que era. Ela subiu no pódio na última competição de triatlo e encarava a vida com sorriso no rosto. Fazia corridas de montanha também, qualquer esporte estava dentro”, contou Sérgio Henrique Moraes Lopes, presidente da Federação Tocantinense de Triathlon.

Ludimila era orientadora educacional na rede municipal de Palmas. Trabalhava com educação desde 2005 e foi professora e diretora. “Profissional competente, dedicou parte da sua vida à formação das nossas crianças, especialmente do Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) João e Maria, onde atuava como coordenadora pedagógica”, publicou a prefeita de Palmas Cinthia Rodrigues em comunicado lamentando a morte.

Um dos bombeiros da lancha também é triatleta 

Corpo de Bombeiros e Marinha investigam as causas do acidente que matou Ludimila. O tenente-coronel José Filho explicou que a visibilidade no momento do acidente estava baixa e os profissionais tentavam resgatar atletas no Lago de Palmas.  A corporação está abalada com o que aconteceu. 

“Nosso objetivo é sempre salvar vidas e não o contrário”, ressaltou o tenente.

Depois do acidente 40 profissionais foram ao hospital doar sangue para a atleta. Segundo o tenente-coronel, os três bombeiros que participavam do resgate estão “extremamente abalados e em choque, recebendo atendimento médico”.

“Vai ser um trauma, muito difícil de superar a curto prazo, porque um deles é triatleta também e era colega dela, foi colega de natação. Pra ele está sendo a parte mais chocante”, lamentou.

A Marinha informou que “um inquérito administrativo foi instaurado para apurar as causas, circunstâncias e responsabilidades do acidente, bem como colher ensinamentos para reduzir a probabilidade de ocorrências análogas no futuro”.