O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta sexta-feira (11) que pretende conversar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a nova tarifa de 50% imposta aos produtos brasileiros, mas não agora. O anúncio, feito por meio de carta oficial, causou forte reação no governo brasileiro.
A medida passa a valer a partir de 1º de agosto de 2025 e atinge todas as exportações brasileiras aos EUA. Na carta enviada a Lula, Trump justifica a tarifa como resposta a “práticas comerciais injustas” e também menciona o que classifica como “perseguição política” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Talvez em algum momento, mas não agora”, disse Trump, ao ser questionado pela correspondente da TV Globo nos EUA, Raquel Krähenbühl.
Carta com críticas e ameaças
No documento divulgado em suas redes sociais, Trump inicia a carta com um tom político, criticando diretamente o julgamento de Bolsonaro e chamando o processo de “caça às bruxas”.
“Esse julgamento não deveria estar ocorrendo. É uma Caça às Bruxas que deve acabar IMEDIATAMENTE!”, afirma o presidente norte-americano.
Trump também acusa o Brasil de atacar a liberdade de expressão de empresas americanas e anuncia que iniciará uma investigação comercial formal contra o país por meio da Seção 301, mecanismo usado para apurar práticas consideradas desleais.
Lula promete reação e defende soberania
Em resposta, Lula afirmou que o Brasil é um país soberano e que não aceitará ameaças ou tutelas externas. O presidente também disse que está disposto a negociar, mas que responderá à altura, com base na Lei de Reciprocidade Econômica.
“Se ele quer taxar, nós também temos o direito de reagir. O Brasil importa mais dos EUA do que exporta”, declarou Lula em entrevista ao Jornal Nacional.
O presidente brasileiro também considerou o argumento apresentado por Trump como “inverossímil” e reforçou que o processo contra Bolsonaro é de responsabilidade exclusiva da Justiça brasileira.
Contexto comercial e tensão política
O Brasil registra déficit comercial com os EUA há 15 anos. Mesmo assim, Trump afirma que as tarifas são necessárias para “corrigir injustiças históricas” e ameaça elevar ainda mais as taxas caso o Brasil reaja com medidas semelhantes.
A relação entre os países vive tensão crescente. Além da disputa econômica, Trump tem usado o caso Bolsonaro como argumento político, reforçando sua retórica contra processos judiciais e alegações de censura.
Nos bastidores, a mudança pode impactar setores estratégicos da economia brasileira, como o agronegócio, a siderurgia e a indústria de transformação, que têm os EUA como mercado relevante.
O que diz a Lei da Reciprocidade Econômica
Sancionada em 2024, a norma permite ao governo brasileiro reagir juridicamente contra ações comerciais que afetem a economia nacional de forma desproporcional. Ela dá respaldo a sanções tarifárias e outras contramedidas em resposta direta a medidas como a anunciada por Trump.