Dia 27 de maio de 2061. A cidade de Tubarão, agora com 191 anos, segue de mãos dadas com o progresso. O número de habitantes está próximo dos 150 mil. A avenida Marcolino Martins Cabral agora tem sentido único e vai do bairro Passagem até Oficinas.
As novas pontes permitem a travessia do rio em vários trechos, onde a Expedicionário José Pedro Coelho tornou-se uma grande avenida – também de mão única -, seguindo o curso do rio.
O antigo aeroporto virou parque público, com um grande gramado e ciclovia, quadra poliesportiva, mesas para piquenique. As margens do rio também ganharam tratamento especial.
E, por falar em rio, o rio Tubarão conta agora com um sistema de Aquabus, uma espécie de barco de transporte de passageiros que permite cruzá-lo e também percorrê-lo com vários pontos de parada. Existe ainda o passeio até a lagoa de Santo Antônio dos Anjos, no centro de Laguna. Um programa de despoluição trouxe de volta alguns tipos de peixes.
A cidade, desde 1974 traumatizada com a enchente, encontrou soluções para lidar com as cheias da bacia do rio Tubarão. Pequenas barragens e canais paralelos, que permitem que o rio flua naturalmente e absorva a força das águas para gerar energia, foram instalados em parceria com os demais municípios por onde o rio passa.
Em Jaguaruna, o aeroporto regional passou a ser parte do cotidiano da Cidade Azul. O acesso via Congonhas tornou-se a melhor alternativa para os momentos de trânsito pesado na BR-101, uma vez que por aqui a realidade automobilística ainda não alcançou o que há de mais.
Mas o que nos trouxe a esse futuro foi, principalmente, o investimento em segurança e educação. População que vive em paz e tem conhecimento trabalha tranquila e aumenta a produção, permitindo que a economia da cidade continue a crescer.
O trecho acima é a visão de um futuro possível para Tubarão, baseado nas ideias que tubaronenses demonstraram em conversas sobre o desenvolvimento da região. Apesar dos problemas crônicos dos dias atuais como, trânsito, segurança e meio ambiente, a população é otimista e critica principalmente atitudes políticas para que a região possa progredir. Também lembram assuntos que merecem a atenção desde já.
“Segurança, parque de lazer e trânsito melhor para os próximos dez anos, no máximo”, é o que espera o jornalista tubaronense Gabriel Guedes, que reside no Rio Grande do Sul.
Guilherme Marcon, advogado e professor universitário, está “preocupado com a segurança: aumento do tráfico, homicídios, furtos e roubos”. Marcon comenta que “há cerca de cinco anos só convivíamos com os crimes pela mídia” e espera atitudes imediatas para estes casos. Para o futuro, aposta no comércio e indústria, que para ele “estão no caminho certo”, e sonha ainda ver Tubarão com locais públicos de lazer e um forte time de futebol: “É o que o povo gosta. Tubarão já teve um dos melhores clubes de Santa Catarina”. O advogado lembra ainda das águas termais da região e de Willy Zumblick: “Com a duplicação (da BR-101), a região estará mais acessível: as fontes de águas termais, o Museu Willy Zumblick, poderão receber mais visitas”, acredita.
“Desejo sempre me orgulhar da cidade onde eu nasci. Espero que prospere ainda mais e que as lideranças (políticas) trabalhem para trazer indústrias fortes, empregos para a região”, diz Vitor Sandrini Castelo Branco, agrônomo.
Educação também está entre os pontos lembrados pelos moradores. A professora Helena Schmid, da Escola Manoel José Antunes, diz que “há sempre o que melhorar em relação ao ensino público, principalmente nas séries iniciais, mas alguma coisa já está sendo feita – o uso de material didático e a capacitação constante de professores” e espera “que o futuro seja ainda melhor, que a sociedade invista na educação desses jovens para que assim se crie melhores oportunidades de conhecimento e desenvolvimento”. Helena ainda ressalta: “É preciso investir naquele que interage com a sociedade: o professor”.
Nesse conto de ficção tubaronense, podemos imaginar ainda uma cidade com representatividade suficiente para não depender de barganhas e eternas reuniões para captar investimentos. Dívidas bem administradas para os resultados de médio e longo prazo que a população aguarda, independentes do intervalo entre eleições. Um sonho tubaronense, bastante esperançoso para as próximas décadas.
* Durante a primeira semana de maio, foram ouvidas 12 pessoas de diferentes bairros da cidade.