O uso cada vez mais frequente de celulares e tablets entre crianças e adolescentes tem preocupado profissionais da saúde, pais e educadores. Em Tubarão, a psicóloga Letícia Ribeiro, do Centro Médico da Unimed, alerta que o problema não está nas telas, mas na forma como elas são utilizadas. Segundo ela, o uso desregulado pode afetar o desenvolvimento emocional, cognitivo e social dos pequenos, comprometendo inclusive a capacidade de lidar com frustrações e desafios da vida real.
Cérebro infantil busca prazer rápido com vídeos e jogos
Letícia explica que o cérebro das crianças é altamente sensível aos estímulos, e que o consumo constante de vídeos curtos e intensos condiciona o cérebro a buscar recompensas imediatas.
Esse tipo de uso altera a percepção do prazer e pode comprometer atividades que exigem esforço, como:
- Estudar com atenção
- Participar de atividades esportivas
- Conviver com o tédio e o silêncio
- Desenvolver disciplina e concentração
Segundo a psicóloga, não é o prazer que prejudica, mas o excesso sem equilíbrio.
Sintomas nem sempre estão ligados diretamente às telas
Muitos pais chegam ao consultório relatando irritabilidade, desatenção e dificuldades escolares. Só depois, ao analisar a rotina, percebe-se que o tempo de tela está impactando diretamente no comportamento e nas emoções da criança.
Letícia destaca que:
- A vida real começa a parecer sem graça
- A criança perde interesse por atividades sem estímulos digitais
- Há prejuízo na autorregulação emocional
Redes sociais e maturidade emocional
Outro ponto de atenção é o uso precoce das redes sociais. Apesar da idade mínima ser de 13 anos, é comum crianças mais novas estarem ativas nessas plataformas.
Segundo Letícia:
- Falta maturidade emocional para lidar com o conteúdo
- É preciso tempo e orientação para formar senso crítico
- O papel dos pais é acompanhar, dialogar e dar o exemplo
Equilíbrio, convivência e presença dos adultos são essenciais
Letícia reforça que o desenvolvimento saudável requer mais do que estímulos digitais. É preciso oferecer:
- Tempo de qualidade
- Silêncio e convivência familiar
- Experiências com frustrações e esforço real
Esses elementos ajudam a formar adultos emocionalmente equilibrados e preparados para lidar com os desafios da vida. O equilíbrio começa em casa, com o olhar atento e presente dos pais.