Com mais de 800 milhões de visualizações e 2,5 milhões de inscritos, o personagem virtual Bloo vem chamando atenção no YouTube. Ele joga, interage e entretém como um influencer qualquer — mas sem ser humano. A ascensão dos VTubers é um marco na transformação digital dos criadores de conteúdo.
Os VTubers (Virtual YouTubers) são avatares virtuais que protagonizam vídeos, transmissões ao vivo e até músicas, utilizando animações e inteligência artificial para substituir a figura humana por completo. Um dos exemplos mais emblemáticos é Bloo, criado por Jordi van den Bussche (Kwebbelkop), que já gerou receitas estimadas entre US$ 1 e 10 milhões, colocando seu canal entre os 1% maiores do mundo.
Por que eles fazem tanto sucesso?
Plataformas como YouTube e TikTok priorizam consistência e volume de publicação — dois desafios para criadores humanos. VTubers, porém, não precisam descansar, não sofrem com exposição pessoal e podem ser alimentados por scripts gerados por IA, vozes sintéticas e animações automatizadas.
O espanhol GoldenHand, por exemplo, publica até 80 vídeos por dia, contando com a sorte estatística de que apenas alguns viralizem. Essa lógica de saturação e monetização levou à popularização de um fenômeno apelidado de AI-Slop: conteúdos automatizados, de baixa qualidade, mas altamente lucrativos.
Avatares além do entretenimento
A tendência já ultrapassa o universo gamer e pop. Empresas como a Synthesia usam avatares hiper-realistas para produzir vídeos institucionais, treinamentos e campanhas em várias línguas com custo reduzido. Até o Duolingo embarcou na onda, criando mais cursos com IA em um único ano do que nos doze anteriores somados.
O futuro é (quase) totalmente automatizado
O criador do Bloo tem planos ambiciosos: tornar o personagem totalmente autônomo, desde roteiro até performance. Ferramentas como ChatGPT, Gemini, Claude e ElevenLabs já são utilizadas na rotina de produção.
“O humano virou o gargalo. Então por que não substituí-lo?”, resume o raciocínio dominante.
Riscos, ética e regulação
Com o avanço dessas tecnologias, crescem também os riscos: deepfakes, manipulações visuais e vídeos racistas gerados por IA já circulam amplamente, como os produzidos com o Veo 3, do Google. Governos têm começado a se mobilizar para legislar sobre o tema, mas o ritmo ainda é lento diante da velocidade da inovação.
A ascensão dos VTubers levanta debates sobre qualidade de conteúdo, impactos na saúde mental de influenciadores tradicionais e responsabilidade no uso da IA.
Conclusão
A era dos criadores digitais está mudando — e rapidamente. Se antes bastava um rosto carismático e uma câmera, hoje avatares digitais podem se tornar celebridades globais com ajuda de algoritmos e inteligência artificial. Resta saber: estaremos preparados para o que vem a seguir?