A Black Friday, marcada para esta sexta-feira (28), deve movimentar milhões de consumidores em busca de descontos. Para evitar compras por impulso e aproveitar apenas ofertas reais, o especialista Roberto Falcão, doutor e mestre em Administração e especialista em Direito do Consumidor, explica como identificar promoções enganosas, reconhecer gatilhos mentais e planejar uma lista de compras estratégica.
Observe o preço real e desconfie de ofertas infladas
Segundo Falcão, a principal armadilha da Black Friday está nos descontos aplicados sobre preços aumentados dias antes da liquidação. A recomendação é conhecer o valor médio do produto e acompanhar o histórico em lojas confiáveis.
Ele alerta ainda para os juros embutidos em parcelamentos. “As empresas são obrigadas a informar a taxa de juros ao consumidor. Algumas chegam a incluir juros até no preço à vista”, afirma.
Gatilhos mentais e estratégias de persuasão
Falcão explica que reciprocidade, autoridade e prova social são elementos comuns usados para estimular o consumo imediato.
“Quando o consumidor identifica esses gatilhos, percebe como a venda é trabalhada. O ‘copy’, com textos imperativos e chamativos, também influencia bastante”, diz.
Brindes, vantagens e cashback funcionam como reforço emocional. “Uma simples caneta pode marcar o cliente e gerar sensação de ganho, mesmo sem economia real”, acrescenta.
Reflita: você realmente precisa desse produto?
Para o especialista, o consumo vai além da necessidade. Cores, cheiros, iluminação e estímulos sensoriais afetam a decisão de compra. Promoções com sensação de escassez também aceleram a escolha.
“Poucas pessoas param para pensar se precisam da oferta. Comprar três detergentes pagando dois pode não ser vantajoso quando você calcula o tempo de uso e a antecipação do gasto”, explica.
Quando a promoção vale a pena
A orientação é verificar validade, comparar preços e checar se a loja não aumentou o valor antes da Black Friday.
“Não adianta comprar caixas de leite baratas se estão próximas de vencer. Você pode perder o produto e o dinheiro”, afirma.
Jovens tendem a ser mais influenciáveis
Falcão afirma que o público jovem, exposto por mais tempo às redes sociais, costuma ser mais suscetível a compras impulsivas. Porém, não há perfil único de consumidor mais gastador, pois desejos variam conforme hábitos e interesses.
As armadilhas das lojas físicas
Nas lojas, corredores com itens próximos ao caixa estimulam compras de última hora. Crianças também influenciam decisões familiares, e o cartão de crédito cria sensação de gasto “invisível”.
Controle de orçamento é fundamental
O especialista recomenda usar planilhas ou aplicativos para registrar gastos, receitas e prioridades.
“A maior parte do endividamento não ocorre por ganhar pouco, mas por gastar mal. Mesmo após promoções, muitos continuam se endividando”, diz.
