Os preços do petróleo registraram leve queda nesta quarta-feira (27), refletindo a expectativa de que um possível avanço nas negociações de paz entre Rússia e Ucrânia possa aumentar o fluxo de petróleo russo no mercado global. O recuo ocorre às vésperas de uma reunião decisiva da OPEP+, marcada para este fim de semana.
O West Texas Intermediate (WTI) operou em torno de US$ 58 por barril, enquanto o Brent foi negociado próximo dos US$ 62, ambos perto das mínimas de um mês. Esta é a quarta queda mensal consecutiva, a sequência mais longa desde 2023.
Progressos no diálogo entre Rússia e Ucrânia
A movimentação nos preços ganhou força após a confirmação de que o enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, viajará a Moscou na próxima semana para um novo encontro com o presidente Vladimir Putin, segundo informou o presidente americano Donald Trump. O Kremlin afirmou que há um “acordo preliminar” para a visita.
Trump declarou que restam “apenas alguns pontos de desacordo” na proposta de cessar-fogo, que foi reduzida de 28 para 22 pontos. Do lado ucraniano, o conselheiro de segurança nacional, Rustem Umerov, afirmou que Kiev chegou a um “entendimento comum sobre os termos centrais” das negociações discutidas em Genebra com EUA e Europa.
Mercado teme aumento rápido da oferta
Analistas alertam que um acordo de paz poderia pressionar ainda mais o petróleo para baixo, já que reduziria restrições às exportações da Rússia — um dos maiores produtores globais.
Para o analista Vivek Dhar, do Commonwealth Bank of Australia, um cessar-fogo poderia derrubar rapidamente o Brent para algo próximo de US$ 60 por barril, permitindo normalização nas refinarias russas, frequentemente atingidas por drones ucranianos.
O mercado já enfrenta sinais de excesso de oferta:
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Estoques de petróleo dos EUA subiram 2,8 milhões de barris na última semana.
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Os estoques totais chegaram a 426,9 milhões de barris, maior nível em 11 semanas.
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A Agência Internacional de Energia projeta excedente global de 4 milhões de barris/dia em 2026.
OPEP+ sob pressão
A OPEP e seus aliados se reúnem em 30 de novembro, gerando ainda mais incertezas. No início do mês, oito membros decidiram pausar novos aumentos de produção no primeiro trimestre de 2026.
A reunião ocorre logo após a entrada em vigor de sanções dos EUA contra Rosneft e Lukoil, que reduziram o fluxo de petróleo russo para grandes compradores como China e Índia.
Apesar das expectativas de paz, operadores consultados pela Bloomberg avaliam que:
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um acordo pode não acontecer tão cedo, ou
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a recuperação dos fluxos russos seria lenta, mesmo com um cessar-fogo.
O mercado segue atento aos próximos passos diplomáticos — e ao impacto sobre a oferta global.
