O Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking de salários em tecnologia na América Latina, segundo o relatório The State of Global Compensation 2025, elaborado pela multinacional de recursos humanos Deel. O levantamento analisou mais de 1 milhão de contratos em 150 países e mostra que engenheiros e cientistas de dados brasileiros recebem, em média, US$ 67 mil por ano — o equivalente a cerca de R$ 358,9 mil anuais ou R$ 31,8 mil por mês.
O valor supera os registrados no México (US$ 48 mil, ou R$ 273 mil anuais) e na Argentina (US$ 42 mil, ou R$ 239 mil por ano). Apesar da liderança regional, o Brasil ainda está distante das maiores potências globais: nos Estados Unidos, Canadá e Reino Unido, a média chega a US$ 150 mil anuais (R$ 855 mil).
Disparidades entre áreas e gêneros
O relatório destaca diferenças significativas entre áreas técnicas e criativas. Enquanto engenharia e ciência de dados concentram as maiores remunerações, vendas, marketing, produto e design permanecem abaixo da média internacional.
Além disso, o estudo expõe a diferença salarial entre homens e mulheres. Em engenharia e dados, profissionais do gênero feminino ganham 29,5% menos que os homens — uma diferença anual de US$ 26 mil (R$ 139 mil).
Médias por área:
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Engenharia e Dados
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Homens: US$ 88 mil (R$ 471,4 mil)
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Mulheres: US$ 62 mil (R$ 332,1 mil)
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Produto e Design
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Homens: US$ 110 mil (R$ 589,2 mil)
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Mulheres: US$ 96 mil (R$ 514,2 mil)
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Vendas e Marketing
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Homens: US$ 66 mil (R$ 353,5 mil)
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Mulheres: US$ 61 mil (R$ 326,8 mil)
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Crescimento da IA e trabalho independente
O levantamento aponta que o crescimento do setor de tecnologia no país acompanha a tendência global de valorização de especialistas em inteligência artificial (IA) e modelos flexíveis de remuneração.
No Brasil, 84% dos contratos em tecnologia são de profissionais independentes (freelancers), especialmente nas áreas de engenharia e dados. Em Produto e Design, o índice é de 79%, e em Vendas e Marketing, de 55%.
Embora o formato ofereça agilidade e menor custo para empresas, também gera desafios regulatórios e risco de precarização, pois muitos desses profissionais atuam sem os mesmos direitos de empregados formais.
Equity e atração de talentos
Desde 2021, tem crescido no país o uso do modelo de remuneração por participação acionária (equity), estratégia que concede ao profissional uma parcela societária da empresa. O sistema é comum em startups e tem sido usado para reter talentos em um mercado cada vez mais competitivo.
A Deel destaca que o Brasil se tornou uma alternativa atrativa para companhias globais que buscam especialistas qualificados, com custos menores de contratação e alta proficiência técnica.
