As autoridades chinesas determinaram a remoção dos aplicativos de relacionamento Blued e Finka, voltados ao público LGBTQIA+, das lojas App Store (Apple) e Google Play Store no país. A decisão partiu da Administração do Ciberespaço da China (CAC), órgão responsável por regular a internet chinesa, e foi confirmada pela Apple nesta terça-feira (11).
O Blued, lançado em 2012 e considerado o maior aplicativo de encontros gay da China, e o Finka, voltado principalmente para jovens LGBTQIA+, pertencem ao BlueCity Group, sediado em Hong Kong.
Censura e repressão à comunidade
O casamento homoafetivo é ilegal na China, e, segundo ativistas, o governo chinês tem intensificado a repressão à comunidade LGBTQIA+ nos últimos anos, sob a liderança de Xi Jinping. Ações de censura incluem o fechamento de grupos online, cancelamento de eventos e restrições à exibição de conteúdos relacionados à diversidade sexual.
No último fim de semana, usuários notaram que os aplicativos desapareceram das lojas digitais. Alguns relataram que versões já instaladas continuam funcionando, embora com recursos limitados.
“Após uma ordem da Administração do Ciberespaço da China, removemos esses dois aplicativos apenas da loja chinesa. Respeitamos as leis dos países em que operamos”, afirmou um porta-voz da Apple à AFP.
Vigilância e controle de conteúdo
Em setembro, o órgão regulador anunciou uma nova campanha contra plataformas que “disseminam uma visão negativa da vida”, ampliando a vigilância sobre aplicativos e redes sociais.
O advogado Zhao Hu, conhecido por sua atuação em defesa de direitos LGBTQIA+, classificou a decisão como “inesperada” e “sem explicação oficial”.
Já Hu Zhijun, cofundador da PFLAG China, lamentou a medida:
“Esses aplicativos ajudavam homens gays a levarem vidas mais estáveis e a encontrarem parceiros. Deveriam ser vistos como algo positivo, uma iniciativa socialmente benéfica.”
O Grindr, outro app popular entre pessoas LGBTQIA+, já havia sido banido das lojas chinesas em 2022.

