A proporção de famílias brasileiras que vivem de aluguel aumentou 25% entre 2016 e 2024, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (22) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No mesmo período, caiu a quantidade de lares com casa própria quitada.
Avanço do aluguel e queda da casa própria
Em 2016, o Brasil tinha 66,7 milhões de domicílios, sendo 18,4% alugados (12,3 milhões). Já em 2024, de um total de 77,3 milhões de residências, 23% (17,8 milhões) eram alugadas. Isso representa um crescimento de 4,6 pontos percentuais no período.
Na contramão, o número de moradias próprias quitadas caiu de 66,8% para 61,6%. Atualmente, o país conta com 47,7 milhões de residências nessa condição.
Em termos de população, os moradores em imóveis alugados passaram de 35 milhões para 46,5 milhões em oito anos. Já os que vivem em casa própria quitada diminuíram de 137,9 milhões para 132,8 milhões.
Concentração de riqueza e desafios sociais
De acordo com William Kratochwill, analista do IBGE, a alta no número de famílias que pagam aluguel reflete a concentração de posse dos imóveis em um grupo menor da população.
“É uma concentração da posse de domicílios para um grupo menor. Se não se criam oportunidades para a população adquirir o seu imóvel, a alternativa é recorrer ao aluguel”, explicou.
Ele pondera, no entanto, que o crescimento recente da renda dos brasileiros pode favorecer a compra da casa própria no futuro.
Distribuição dos tipos de moradia em 2024
Segundo a Pnad Contínua:
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61,6%: casa própria quitada
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23%: imóvel alugado
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6%: imóvel próprio em financiamento
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9,1%: imóvel cedido
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0,2%: outra condição
Casas x apartamentos
Outro dado levantado pelo IBGE mostra uma mudança na preferência dos brasileiros. Em 2016, 13,7% dos lares eram apartamentos; em 2024, essa fatia chegou a 15,3%. No mesmo período, a proporção de casas caiu de 86,1% para 84,5%.
A busca por apartamentos está relacionada à concentração urbana, proximidade de serviços e maior segurança em condomínios. “Como o espaço de terra é limitado, a solução é construir verticalmente”, destacou Kratochwill.
População total
A pesquisa aponta que em 2024 o Brasil tinha 211,9 milhões de habitantes. Quase metade (42%) vivia na Região Sudeste, sendo São Paulo o estado mais populoso, com quase 46 milhões de moradores — o equivalente a 22% do total do país.