terça-feira, 28 outubro , 2025

Mitos e verdades sobre a maçonaria

Zahyra Mattar
Tubarão

Notisul – De onde surgiu a maçonaria?
Emilson
– Esta é a pergunta que todos fazem e também a mais difícil de responder (risos). É que não há registros categóricos do início. A maçonaria vem de outras ordens como os Templários, por exemplo, é uma espécie de evolução. A Ordem Maçônica começa a contar a partir de 1717 quando, na Inglaterra, juntaram-se pessoas para construir catedrais. Maçom significa pedreiro.

Notisul – Como dividem-se as potências?
Emilson
– No Brasil, existe a potência Grande Oriente Brasil, da qual nós fazemos parte, assim como todos os outros irmãos do país. Depois, em Santa Catarina, temos duas grandes potências: a Grande Loja de Santa Catarina e o Grande Oriente de Santa Catarina. Potências nada mais são do que organizações administrativas. Os princípios, os objetivos são os mesmos em todas as potências.

Notisul – E quem administra esta estrutura toda?
Emilson
– Dentro da ordem, existe uma hierarquia. Fica mais fácil de entender se comparar com a política, ainda que a maçonaria não tenha absolutamente nada a ver com política: tem um “presidente”, que seria o soberano grão-mestre. Ele é o “chefe” da potência Grande Oriente do Brasil. Depois, temos um “governador”, que é o eminente irmão grão-mestre. Ele administra a Grande Loja de Santa Catarina. Então, tem um “gerente regional”, que são os delegados de circunscrição, que é o meu caso.

Notisul – Por que a denominação lojas? Quantas lojas existem em Tubarão e na região?
Emilson
– É a denominação dada para agrupar um número de membros. Nos reunimos em um templo e, dentro dele, podem existir várias lojas. Em Tubarão, temos três templos que abrigam, juntos, 11 lojas maçônicas. Por exemplo, naquele templo da Vila Moema, que é o mais conhecido, existem três lojas. Na região, temos 19 lojas. Cada loja agrupa, aproximadamente, 40 membros.

Notisul – Quem vê fotos ou vai a um templo maçônico vê uma série de símbolos: chão quadriculado, pedra, um olho em cima de um altar. O que significam?
Emilson
– O grande foco da loja maçônica é o aprimoramento, o desenvolvimento cultural e espiritual. Para facilitar este aprendizado, ao longo da história da ordem, utilizamos alguns símbolos. Por exemplo: utilizamos um triângulo para remeter a três importantes linhas da vida: a liberdade do homem, a igualdade e a fraternidade. Estes são três grandes princípios da maçonaria e, nas reuniões, fica mais fácil transmitir a mensagem através destes símbolos. O chão quadriculado, por exemplo, significa a diversidade do globo e das raças e da oposição de diversos contrários (bem e mal, espírito e corpo). A pedra simboliza as imperfeições do espírito e nos lembra aquilo que precisamos corrigir. O olho significa o ser supremo que nos guia.

Notisul – Mesmo com uma maior abertura hoje em dia, a maçonaria ainda é cercada de mitos para a maioria das pessoas. O que faz um maçom?
Emilson
– O objetivo do maçom é buscar uma oportunidade, um momento, um espaço, para se conhecer interiormente. Na realidade, o grande trabalho da ordem é justamente este: o aperfeiçoamento do ser humano, de si mesmo. Primeiro, temos que nos aperfeiçoar para depois doar algo, ensinar algo. A grande dificuldade das pessoas é justamente se conhecer para depois conhecer os outros: olhamos e logo traçamos um pré-conceito.

Notisul – É verdade que maçom só ajuda maçom?
Emilson
– É verdade que maçom trabalha para si mesmo: preparando-se, vai ajudar a sua família. Para nós, a nossa família, em um primeiro momento, são os maçons. Como nossos princípios estão fundamentados na evolução do ser humano, procuramos crescer espiritualmente para, primeiro, ajudar nossa família de sangue, depois a nossa família da loja, a família do bairro, da cidade, do estado, e assim por diante. Então, é um mito que maçom só ajuda maçom. Não! Maçom de princípio mesmo ajuda a todos, mas cada qual dentro das possibilidades e no tempo certo.

Notisul – De onde são tirados estes ensinamentos?
Emilson
– Esta é a nossa constituição (o professor estava com um livrinho azul). Mas aqui não tem nada de ensinamento. O que tem de ensinamento está no livro sagrado, que pode ser a Bíblia ou outro conforme a crença. Acho que aqui em Tubarão a maioria das lojas deve utilizar a Bíblia, mas não há relação religiosa, então, cada um pode usar qualquer escritura sagrada que desejar.

Notisul – Então, não há preconceitos com religiões?
Emilson
– Não! A ordem não exige que os membros tenham religião, exige apenas que você acredite em um ser superior, que pode ser Deus, Jeová, Buda, não importa o nome que se dê a Ele.

Notisul – Quais os critérios para ser maçom?
Emilson
– Na realidade, não existem critérios para ser iniciado na ordem. O que há é um perfil. Em primeiro lugar, a pessoa tem que ser livre, ter uma trajetória de bons costumes, até mesmo para internalizar nossa linha disciplinar, nossos marcos. A condição é basicamente esta. Também precisa ter independência econômica para não pensar que vai até a loja e não vai trabalhar porque será ajudado. A maçonaria não é estepe de ninguém. Nós ajudamos uns aos outros, mas não é este o foco. Quem entra jovem na ordem é porque já tem certa estabilidade. Todos são convidados. Não é necessário ter uma condição financeira boa para entrar na ordem, mas tem que ter o perfil, ou seja, ser livre, de bons costumes e capacidade para melhorar como ser humano.

Notisul – Há quanto tempo o senhor é maçom? O que o senhor mais aprendeu com a maçonaria? O que mudou?
Emilson
– Estou na ordem há 16 anos. Sob o ponto de vista social, entendo que evoluí bastante. Ajudou-me, inclusive, nas atividades profissionais, porque aprendi a me manifestar publicamente, aprendi a fazer leituras de cenários e fatos do dia-a-dia que antes não tinha capacidade aguçada para tal. Neste aspecto, é uma contribuição que a ordem me deu e que serei eternamente grato.

Notisul – Por que as mulheres não participam?
Emilson
– Elas participam e de maneira bem ativa na ordem maçônica. A única diferença é que não são iniciadas. O que não é reservada a elas são as reuniões ditas ordinárias. Temos vários grupos de cunhadas que são formados por nossas esposas, grupos de sobrinhas e sobrinhos, que são nossas filhas e filhos. A questão da não participação da mulher também é algo histórico. No começo da maçonaria, lá em 1717, eram os homens que construíam catedrais. Além disso, foi feita uma espécie de legislação na qual estava prescrito que era apenas para homens. Então, seguimos piamente estes preceitos, este costume. Não tem nada a ver com machismo.

Notisul – E por que é tudo tão fechado?
Emilson
– Entendemos que é um grupo reservado. Na verdade, não tem motivo para ser assim, poderíamos ser mais abertos. Mas percebo que estamos evoluindo. Antes de vir para cá (a entrevista foi no Notisul, quinta-feira à noite), minha esposa perguntou se eu vinha, eu disse que sim. Aí ela me viu pegando as insígnias: “Mas você vai com as insígnias? Eu pensei que não podia aparecer” (risos). Esta reserva é algo que remete ao passado da maçonaria. Nossos irmãos eram muito cobrados, especialmente pela igreja católica, que mandava politicamente no mundo. Então, houve uma perseguição. Daí a reserva. Hoje, isso também ocorre, mas não como antigamente, claro. A partir do momento que me identifico como maçom, as pessoas começam a me vigiar. Se eu cometer um deslize, serei cobrado e colocarei a ordem em xeque. As pessoas, nós, somos assim: generalizamos.

Notisul – Por falar em insígnias, o que significam?
Emilson
– Serve mais para definir posições dentro da ordem e também nos disciplinar. O avental, por exemplo, é o elemento principal das insígnias maçônicas. Simboliza o trabalho. O branco é para os aprendizes e companheiros, branco orlado de vermelho ou azul celeste – varia conforme a potência da loja ou com o rito praticado – para os mestres.

Notisul – Depois de tudo que o senhor explicou, acho que o mundo todo deveria ser maçom.
Emilson
– (Muitos risos) Não sei se todos precisariam ser maçons, mas poderiam seguir os preceitos, os princípios que norteiam a maçonaria: a igualdade, a liberdade, a fraternidade e a evolução humana.

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