FOTO Dr. Alfonso Massaguer / Acervo pessoal Divulgação Notisul
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O Natal ganhou um significado ainda mais profundo para o médico Alfonso Massaguer, especialista em reprodução humana e diretor da Clínica Mãe, em São Paulo. Pai de Nicolas, de 7 anos, e Mark, de 3, ele celebra a data refletindo sobre uma experiência que o conecta de forma direta a milhares de pacientes: a realização do sonho da paternidade por meio da fertilização in vitro (FIV).
Ao lado da esposa, Massaguer enfrentou dificuldades para engravidar devido a problemas de ovulação. A decisão de recorrer à FIV marcou o início de uma jornada que mudaria não apenas a vida pessoal do casal, mas também a forma como o médico enxerga sua prática profissional.
A decisão pelo congelamento de embriões
Durante o tratamento, o casal optou por congelar embriões como estratégia de planejamento familiar. A escolha levou em conta a idade da esposa e o desejo de ter mais de um filho.
“Devido à idade dela e ao nosso desejo de ter mais de um filho, decidimos congelar um número grande de embriões”, relata Massaguer.
A coleta resultou em um número expressivo de óvulos e embriões, o que garantiu tranquilidade para planejar o futuro da família. Segundo o médico, a decisão foi estratégica e conjunta.
“Optamos por congelar embriões para conhecer melhor a qualidade do material e, com isso, aumentar as chances de uma gravidez futura”, explica.
Vivenciar o tratamento mudou a visão profissional
Passar pela experiência como paciente trouxe aprendizados que hoje influenciam diretamente sua atuação clínica.
“Trabalhamos com isso há mais de 25 anos, mas viver o tratamento na própria família muda tudo. Você passa a ter a visão do paciente”, afirma.
Ele lembra de casos em que casais retornavam anos depois do primeiro filho para tentar uma nova gestação, mas encontravam dificuldades relacionadas à idade e à qualidade dos óvulos.
“Muitas vezes ouvimos: “A gente se arrepende de não ter congelado mais embriões ou óvulos no passado”. Hoje, é fundamental pensar não apenas no primeiro bebê, mas também no futuro reprodutivo da família”, destaca.
O lado humano da medicina reprodutiva
As inseguranças, expectativas e ansiedades vividas durante o processo permitiram uma conexão mais profunda com os pacientes.
“A empatia sempre existiu, mas passar por isso na própria pele é diferente. Foi uma experiência difícil, mas que nos uniu ainda mais como casal”, relata.
Segundo o médico, a jornada também fortalece emocionalmente para a maternidade e a paternidade.
“Você enfrenta uma dificuldade tão grande que, depois, os desafios de ser pai e mãe parecem mais leves”, observa.
Segurança do congelamento a longo prazo
Massaguer também faz questão de esclarecer dúvidas frequentes sobre o congelamento de embriões. O embrião de Mark permaneceu congelado por cinco anos, enquanto o de Nicolas ficou armazenado por um ano.
“Não há nenhuma influência nas características da criança. Temos casos de embriões congelados por mais de 20 anos que resultaram em bebês saudáveis. É uma técnica segura e eficaz”, garante.
Planejamento reprodutivo como responsabilidade compartilhada
Neste Natal, a história da família Massaguer simboliza esperança, perseverança e planejamento. Para o médico, pensar no futuro reprodutivo deve ser uma decisão compartilhada.
“Essa responsabilidade não pode recair apenas sobre as mulheres. Os homens estão tão envolvidos nesse processo quanto”, analisa.

