domingo, 21 dezembro , 2025

O consumo que nos consome

É fato! Cada vez mais os consumidores estão obtendo acesso a variadas opções em compra de produtos fabricados não só no Brasil, mas também no exterior, e o comercio eletrônico faz com que as fronteiras físicas não se constituam mais como empecilho para o consumo.

Contudo, também é fato que o consumo não está associado apenas as facilidades trazidas pela internet e pela variada gama de produtos disponíveis para compra; também está relacionado ao fetiche intrínseco as mercadorias, que é impulsionado por campanhas publicitárias inspiradas em artistas famosos, promoções e outlets.

É como se hoje, vivêssemos um confronto entre o “homem novo, moderno” que tem tudo ao seu alcance, principalmente o último lançamento e o “homem velho e antiquado”, que preserva suas aquisições para que estas durem e ele as aproveite o máximo possível.

Agimos como se não fizéssemos parte da natureza e como se não pertencêssemos a realidade social. Por isso, usamos os nossos sistemas tecnológicos para expurgar de nós, elementos do orgânico e do relacional, daquilo que denuncia que somos apenas uma minúscula parte do mundo em que vivemos.

Mas, não podemos esquecer, que na sociedade de consumidores, ninguém pode se tornar sujeito sem primeiro virar mercadoria e ninguém pode manter segura sua subjetividade sem reanimar, ressuscitar e recarregar de maneira perpétua as capacidades esperadas e exigidas de uma mercadoria vendável. A característica mais proeminente da sociedade de consumidores – ainda que cuidadosamente disfarçada e encoberta – é a transformação dos consumidores em mercadorias (BAUMAN, 2008).

Quando olhamos a realidade dessa forma, é inevitável que nos perguntemos: são realmente as necessidades humanas que incitam o consumo supérfluo e desenfreado? Ou é o nosso atual modelo econômico que cria para nós necessidades que nem imaginávamos ter? Está na natureza humana o desejo de possuir bens (que muitas vezes nem precisamos) ou é a sociedade e o mercado que cria e manipula o desejo das pessoas?

Não são questões fáceis de responder. Como compradores, fomos adequadamente preparados a cumprir o papel de sujeitos de um faz-de-conta que se experimenta como verdade viva; um papel desempenhado como “vida real”, mas que com o passar do tempo afasta essa vida real, despindo-a, nesse percurso, de todas as chances de retorno.

A alegria está toda na compra e na ostentação; já que a aquisição em si, com seus efeitos diretos e colaterais (pagamento, crédito, prestações, obtenção do dinheiro para quitar a dívida, manutenção do bem, estoque, etc.) apresenta uma alta probabilidade de gerar frustração, dor e remorso (BAUMAN, 2008).

Para agravar esta situação a desigual distribuição de bens sociais, a discriminação, o desrespeito às diferenças, a incerteza, a involução de valores foram gradativamente perdendo o status de anomalias e, tornando-se constituintes do pensamento globalizado e do processo econômico em curso. Assim, é normal que uns tenham e outros não… É natural (e até satisfatório) que uns possam adquirir e outros não… É merecimento, pensam alguns… Será?

São todos esses pontos que nos levam a concluir que, deixar as coisas como estão, manter o status quo, significa conservar intocável, fora do alcance de uma análise crítica, o tecido social e todos os elementos que tangencialmente o perpassam. Significa abster-se do essencial, focalizando apenas o periférico. Significa ser consumido pelo consumo!

Então, que tal pensar sobre isso e avaliar um pouco mais o que realmente é necessário e essência nas suas compras?

 

*Luciana Flôr Correa Felipe, é Consultora em atividades relacionadas a Inovação e Empreendedorismo, possui Doutorado em Educação Cientifica e Tecnológica, Mestrado em Educação, Graduação em Serviço Social e Graduação em Pedagogia. Estuda as implicações sociais da Ciência e da Tecnologia, no intuito de debater sob uma perspectiva crítica, a equação civilizatória contemporânea e fomentar uma postura reflexiva na sociedade.

Continue lendo

TCE/SC suspende contratação para construção de quatro penitenciárias

FOTO TCESC Divulgação Notisul ⏱️ Tempo de leitura: 4 minutos O Tribunal de Contas de Santa Catarina suspendeu, de forma cautelar, nesta sexta-feira (19), a contratação...

Jorginho Mello sanciona pacote de leis em áreas estratégicas de Santa Catarina

Fotos: Ana Carolina Bossle/Secom GOVSC Divulgação Notisul ⏱️ Tempo de leitura: 4 minutos O governador Jorginho Mello sancionou, nesta sexta-feira (19), um conjunto de leis que...

Polícia Civil prende suspeito de estupros de adolescentes em Florianópolis

FOTO PCSC Divulgação Notisul ⏱️ Tempo de leitura: 3 minutos A Polícia Civil de Santa Catarina prendeu nesta semana um homem suspeito de praticar múltiplos estupros...

Primeiro dia de Verão tem temperaturas elevadas e alta umidade no ar

Para este domingo, 21 de dezembro, dia oficial da entrada do Verão, a região da Amurel terá um dia típico de "calor pré-frontal": muito...

Horóscopo do dia (21/12/2025): influência da Lua reforça a sensibilidade

TEMPO DE LEITURA: 4 minutos O domingo, 21 de dezembro de 2025, marca um momento de transição e introspecção. A influência da Lua reforça a...

La Niña influencia o clima neste Verão 2025/2026 na região da Amurel

FOTO Notisul O Verão no Hemisfério Sul inicia oficialmente hoje, 21 de dezembro de 2025, às 12h03. Para a região da Amurel (Tubarão, Laguna, Braço...

Escuna naufraga na região de Laguna: cinco tripulantes são resgatados

Uma escuna com cinco tripulantes naufragou após apresentar um aumento repentino em um orifício na proa e encher de água rapidamente, nas proximidades da...

Orleans concede bônus fiscal de até R$ 1.200 a produtores rurais

FOTO Douglas Benker Divulgação Notisul TEMPO DE LEITURA: 3 minutos A Prefeitura de Orleans, por meio da Secretaria Municipal de Agricultura, vai conceder um bônus fiscal...