terça-feira, 19 agosto , 2025

Padre retira declaração polêmica sobre vacinas da covid-19 e pede perdão

Os movimentos antivacina estão crescendo em todo o mundo, inclusive no Brasil, que sempre foi exemplo internacional. Conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS), nos últimos seis anos, o Brasil aparece como um dos países que mais regrediu no índice hoje de pouco mais de 70% de cobertura para difteria, tétano e coqueluche, por exemplo.

Com a Covid-19, e na busca pela imunização das pessoas, algumas vacinas foram desenvolvidas em diversos países e no Brasil não foi diferente. No último dia 24, em uma celebração na paróquia São Miguel Arcanjo, em Pedras Grandes, o padre Claudemir Serafim, associou a produção de vacinas contra a doença ao aborto e citou supostos efeitos colaterais. Assim desestimulou a imunização.

As afirmações do religioso vão na contramão do que é da ciência e do que é recomendado pelos órgãos de saúde. Na missa, o pároco disse que a vacina não é a salvação para enfrentar o coronavírus. “O vírus não é católico. Porque odeia o nosso Senhor e tem fechado as igrejas. E a salvação, para a nossa vida, nossa alma, não está na vacina. Há vários problemas morais em relação à própria vacina, que está comprovado que é feita com fetos abortados, dos milhões de abortos, muito mais elevados que as mortes por coronavírus do mundo”, afirmou.

Nesta quarta-feira (3), um dia após a repercussão das imagens da celebração transmitida via internet, a Diocese de Tubarão, responsável pela paróquia que o padre Claudemir trabalha, se posicionou contra as palavras do religioso “A vacina, pela qual esperamos tanto, é um dom em favor da vida. Não devem ser divulgadas notícias desvirtuadas ou falsas. Ninguém está autorizado a passar ao povo, em nome da Igreja, orientações diferentes, nem mesmo que seja um padre”, diz a nota assinada pelo bispo da Diocese Dom João Francisco Salm.

Depois do posicionamento da Diocese, o sacerdote do município da Amurel se retratou em nota. “Diante da repercussão causada por conta de uma parte do sermão por mim proferido no último dia 24 de janeiro; depois de exortado pela Autoridade Diocesana; depois de ter consultado pessoas próximas e o diretor espiritual; depois de ter rezado a Nosso Senhor e em paz com minha consciência; venho a público declarar o seguinte:

1. RETIRO TOTALMENTE minha fala sobre o fato de as vacinas terem sido feitas de fetos abortados. DECLARO-A EQUIVOCADA.

2. Peço perdão ao bispo Diocesano, aos meus fiéis e a todas as pessoas que sofreram com dúvidas no uso das vacinas, ou ofendidas com isso.

3. Declaro, por conseguinte, que não pus em xeque a eficácia das vacinas.

4. Agradeço as manifestações de carinho dos meus paroquianos e a todos quantos, bem como os que se posicionaram contrariamente”, pontuou.

Bioquímica de Tubarão explica o processo de produção de vacina

A bioquímica Fabiana Schuelter Trevisol conta que as vacinas contra a COVID-19 são feitas de formas diferentes, pois usam tecnologias diferentes a relatadas. Contudo, nenhuma utiliza tecidos humanos ou fetos abortados para seu desenvolvimento. Segundo ela, toda pesquisa clínica no desenvolvimento de medicamentos ou vacinas precisa respeitar os princípios bioéticos internacionais, e seu registro para uso em seres humanos será concedido apenas mediante evidência comprovada de eficácia e segurança.

Hoje o Brasil depende ainda do envio da matéria-prima usada para preparar a vacina, isto é, a sua substância fundamental, que é chamada de Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA). “A CoronaVac tem como substância essencial o novo coronavírus inativado, ou seja, morto. O que se faz é coletar amostras de pacientes com COVID, isolar o vírus e inativá-lo. A partir desse IFA é que a vacina é preparada. No caso da CoronaVac o insumo vem da China. Já o insumo do imunizante de Oxford, que tem parceria com a Fiocruz, é o adenovírus de chimpanzé recombinante, um vírus que foi enfraquecido e modificado com partes específicas do novo coronavírus, que está sendo enviado da Índia”, explica.

A bioquímica detalha que o vírus é cultivado nas células de rins de macaco, já disponíveis no mundo inteiro, ninguém mata o animal. Depois, é preciso matar o vírus, com calor ou algum reagente químico. Na CoronaVac, é usado o reagente beta-propiolactona. “Além do IFA, toda vacina tem em sua composição água esterelizada – para dissolver todos os componentes utilizados – e adjuvantes, substâncias que aceleram e potencializam o efeito dos imunizantes. Outros ingredientes comuns são os conservantes, estabilizantes e antibióticos”, cita.

A CoronaVac, por exemplo, usa o hidróxido de alumínio como adjuvante e não contém antibióticos ou conservantes. Ela possui apenas estabilizantes: sais que servem para ajustar seu pH, impedindo que fique ácida. “Outras vacinas ainda não disponíveis no Brasil, com a da Pfizer e da Moderna, são vacina de RNA que são sintetizadas em laboratório, sem necessitar de outros vírus ou células de animais na sua produção”, detalha.

Com a transferência de tecnologia para o Brasil, tanto para o Butantan (no caso da Coronavac) como para a Fiocruz (Oxford), o país poderá produzir as vacinas em solo brasileiro. Hoje, esses institutos apenas recebem o IFA, diluem, fracionam, e preparam as doses (frascos) e rotulagem. “Relevante ressaltar que não há nenhum tratamento específico que cure a COVID-19, portanto, além das medidas comportamentais, a vacina é uma prevenção capaz de terminar com a pandemia que enfrentamos desde 2020, e que já infectou mais de 100 milhões de pessoas no mundo e matou mais de 2 milhões de pessoas em apenas 1 ano”, observa.

Em breve, espera-se que haja vacinas para toda a população, e somente quando a maior parte das pessoas for imunizada o vírus deixará de ser transmitido efetivamente. A vacinação é considerada a melhor medida custo-efetiva em termos de saúde pública para o combate às doenças infecciosas.

Entre em nosso canal do Telegram e receba informações diárias, inclusive aos finais de semana. Acesse o link e fique por dentro: https://t.me/portalnotisul

Continue lendo

Pelo Estado – Esquemas de corrupção em prefeituras do Estado ainda dão o que falar

E os escândalos de corrupção nas prefeituras catarinenses ganharam mais um capítulo. Nesta terça-feira,19, o Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas...

4Nerd |#11 | 4Nerd + Notisul – O Início da Parceria!

No nosso primeiro programa junto ao Notisul, abrimos os trabalhos com estilo: trazendo as últimas notícias nerds, apresentando nossos quadros fixos (Update Nerd, Locadora...

Professor é indiciado por racismo contra estudante em Laguna

A Polícia Civil de Santa Catarina concluiu o inquérito que investigava denúncias de racismo contra uma aluna de 13 anos em Laguna. O professor...

Musk x Altman: disputa vai dos chatbots aos implantes cerebrais

A rivalidade entre Elon Musk e Sam Altman acaba de ganhar um novo capítulo, desta vez no mercado de implantes cerebrais. Altman, CEO da...

Governo Lula envia ao Congresso PL das big techs com proteção a influenciadores

O Palácio do Planalto decidiu enviar ao Congresso dois projetos de lei sobre big techs. Um trata da regulação de conteúdo nas plataformas digitais...

TCE cria norma para licitações de obras em praias de SC

O Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina (TCE-SC) anunciou a elaboração de uma norma técnica para orientar licitações de obras de alargamento...

Série de Harry Potter anuncia atores dos irmãos Weasley

A HBO anunciou nesta terça-feira (19) os atores que darão vida aos irmãos Weasley na aguardada série de Harry Potter, atualmente em produção no...

Incêndio no Mercado Público de Florianópolis completa 20 anos

No dia 19 de agosto de 2005, Florianópolis presenciou um dos episódios mais marcantes de sua história: o incêndio que destruiu parte do Mercado...
×

Olá!

Clique no contato abaixo para conversar conosco.

× Converse no Whatsapp