Praia do Cardoso, no Farol de Santa Marta, em Laguna, é atingida por um tsunami

Fenômeno conhecido por meteotsunami ou tsunami meteorológico foi registrado por volta das 16h na Praia do Cardoso, no Farol de Santa Marta, em Laguna (SC). Em poucos minutos a maré baixou e, em seguida, começou o avanço do mar sobre a praia. Houve pânico e desespero entre os turistas que estavam no local. A água do mar subiu tanto que chegou a entrar em restaurantes e lanchonetes existentes à beira-mar. Muitos carros estavam estacionados sobre a areia, o que é proibido por lei municipal, desde 2017.

A tarde era de calor, o que fez aumentar a presença de banhistas e condutores que estacionaram sobre a faixa de areia da praia. Muitos motoristas ainda conseguiram retirar os veículos, mas o grande número de carros na praia fez com que, rapidamente, fosse formada uma fila. Mesmo dentro dos carros, muitos motoristas não conseguiram evitar o prejuízo. O carros começaram a boiar e a bater nas paredes dos prédios e uns contra os outros. A fúria do mar não chegou a provocar ferimentos em banhistas, conforme informações do Corpo de Bombeiros Militares de Santa Catarina.

Segundo a Defesa Civil, que confirmou a ocorrência, o fenômeno é incomum e “de difícil previsão”. O meteotsunami que atingiu Laguna acompanhou uma frente de rajada com temporais que avançou do Nordeste e do Leste do Rio Grande do Sul para o Sul de Santa Catarina com chuvas e temporais de vento depois de horas de intenso calor na região. A frente de rajada estava tanto sobre o mar como o continente, gerando o vento forte a intenso com brusca variação de pressão atmosférica, o que acabou por se refletir nas condições do mar na praia catarinense.

Em Criciúma, os ventos que chegaram a 90 quilômetros por hora destelharam casas, derrubaram galpões, árvores e placas de sinalização. Os prejuízos ainda estão sendo contabilizados. Conforme dados do Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina (Ciram), as rajadas de ventos atingiram 88 quilômetros por hora (km/h) no bairro Pinheirinho. A cidade registrou cerca de 25 mil casas, apartamentos e empresas sem energia elétrica.

Em Tubarão, houve quedas de árvores, placas de publicidade e destelhamento de casas, empresas e galpões. O Centro Tecnológico Sigma Parque teve vidros de janelas e portas arrebentados pela foça dos ventos. O Colégio Dehon teve algumas telhas quebradas ou arrancadas.

 

Minutos antes do fenômeno ser registrado, o Rio Tubarão experimentou a redução no nível das águas. O meteotsunamis tem origens em fenômenos meteorológicos e são provocados por perturbações da pressão atmosférica, frequentemente associadas a eventos meteorológicos rápidos, como tempestades severas, frentes de rajadas e outras frentes de tempestade. A Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos (NOAA), revela que a tempestade gera uma onda que se move em direção à costa e é amplificada pela plataforma continental rasa e uma entrada, baía ou outra característica costeira.

Este tipo de fenômeno já foi registrado em lugares ao redor do mundo, como os Grandes Lagos, o Golfo do México, a Costa Atlântica dos Estados Unidos e os Mares Mediterrâneo e Adriático. Há registro ainda de meteotsunamis no litoral do Rio Grande do Sul e também de Santa Catarina nos últimos anos. O evento foi causado por intensas áreas de instabilidade que avançaram como uma frente de rajada com chuva e ventos fortes pelo Sul de Santa Catarina, trazendo ventos muito fortes a Laguna.

As rajadas na hora do temporal chegaram a 73 km/h no Farol de Santa Marta, mas em mar aberto, na costa, podem ter sido mais fortes e intensos ainda. Nas horas anteriores ao temporal em Laguna, o vento já tinha sido forte na região, com rajadas de 80 km/h, provocados por uma corrente de jato em baixos níveis, mas a direção do vento era oposta, de Noroeste, o que trouxe muito calor.

O temporal foi favorecido por ar muito quente e o deslocamento de uma frente fria a partir do Leste gaúcho. A temperatura máxima na estação do Instituto Nacional de Meteorologia em Urussanga chegou a 40,3ºC, na tarde de sábado. Estações da Epagri indicaram máximas entre 35ºC e 39ºC em vários municípios do Oeste, Meio-Oeste e do Sul catarinense.

Esta reportagem foi produzida também com informações da MetSul. https://metsul.com/tsunami-meteorologico-atinge-o-sul-de-santa-catarina/ .