Início Economia Preço do arroz cai para R$ 58 e preocupa setor orizícola em...

Preço do arroz cai para R$ 58 e preocupa setor orizícola em SC

FOTO Shaiane Corrêa Divulgação Notisul

O preço da saca de arroz segue em queda e já preocupa produtores e indústrias em Santa Catarina. Nesta semana, a saca de 50kg chegou a ser negociada a R$ 58 em algumas indústrias, valor não registrado desde a pandemia de Covid-19. O custo está bem abaixo do necessário para manter a sustentabilidade da cadeia produtiva.

No início do mês, o preço médio da saca estava em R$ 65, mas já abaixo do custo de produção. O recuo é reflexo do aumento da oferta interna, resultado do recorde da safra 2024/25, aliado às oscilações no mercado internacional e ao excesso de estoques nos países do Mercosul.

Setor pressionado

Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias de Arroz de SC (SindArroz-SC), Walmir Rampinelli, e o presidente da Cooperja e da Organização das Cooperativas do Estado (OCESC), Vanir Zanatta, o setor atravessa um momento crítico.

“Enquanto os custos de insumos e embalagens seguem em alta, o valor da saca continua caindo, pressionando produtores e indústrias. Se essa crise persistir, os impactos serão ainda mais graves, comprometendo empregos e a continuidade da rizicultura”, alertou Rampinelli.

O presidente da Coopersulca, Arlindo Manenti, acrescenta que a isenção do imposto de importação do arroz também prejudica a competitividade:

“O ideal seria a saca custar de R$ 80 a R$ 85 para cobrir os custos. Hoje, produtores e indústrias competem em desvantagem com o produto importado.”

Ações insuficientes

Em agosto, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) realizou leilões de Contrato de Opção de Venda (COV), mas, segundo o SindArroz-SC, as medidas não surtiram efeito. Rampinelli defende que o Governo Federal compre pelo menos 1 milhão de toneladas para equilibrar o mercado.

Para Manenti, o caminho passa pela retomada da taxação sobre o arroz importado e pela criação de políticas de exportação favoráveis às indústrias nacionais.

“Pagamos impostos para produzir e exportar, enquanto outros países vendem aqui sem subsídios. Isso prejudica nossa competitividade”, afirmou.

Consumo em queda

Apesar de ser alimento básico da dieta brasileira, o consumo interno também caiu. Dados da Conab mostram que, entre 2018/19 e 2023/24, o consumo doméstico caiu de 10,8 para 10,5 milhões de toneladas.

Enquanto isso, a produção nacional de 2025 foi de 12,3 milhões de toneladas, ampliando ainda mais o desequilíbrio entre oferta e demanda.

Perspectivas desanimadoras

Com o cenário atual, o setor prevê redução na área plantada e substituição da cultura por outros grãos. Segundo Zanatta, se os preços continuarem baixos por até dez meses, a safra 2025/26 pode sofrer queda de até 8%, com impacto direto na qualidade do grão.

Além disso, produtores tendem a reduzir o uso de insumos como ureia e adubo, comprometendo a produtividade. No pior cenário, a crise pode afetar empregos e enfraquecer os altos padrões da rizicultura catarinense.

×

Olá!

Clique no contato abaixo para conversar conosco.

× Converse no Whatsapp
Sair da versão mobile