Se você tem acompanhado os artigos anteriores desta coluna, já percebeu que estamos trilhando um caminho que conecta governança, gestão de pessoas e neurociência de forma prática e acessível. Falamos sobre a importância de ter um organograma, uma descrição clara de cargos e como isso prepara o terreno para que os processos da empresa fluam com mais clareza e autonomia.
Hoje, seguimos com mais um passo importante nessa jornada. Vamos falar sobre processos, o que eles são na prática, para que servem e por que o processo de recrutamento e seleção merece atenção especial desde já.
O que é um processo?
Vamos começar com o nosso letramento do dia. Um processo, na gestão, é uma sequência organizada de atividades ou etapas que busca alcançar um objetivo específico. É como uma receita de bolo: tem um início, um meio e um fim, com insumos, responsáveis, prazos, recursos e resultados esperados.
Um bom processo evita que cada tarefa seja feita de forma improvisada ou diferente a cada vez. Ele reduz erros, dá mais previsibilidade ao time, economiza tempo, energia e, claro, dinheiro.
E aqui a neurociência nos ajuda a entender o porquê disso ser tão importante. Nosso cérebro se sente mais seguro e criativo em ambientes previsíveis, com menos ambiguidade e mais estrutura. Processos claros reduzem a sobrecarga cognitiva, o estresse e os ruídos na comunicação. E isso contribui diretamente para um ambiente de trabalho com mais segurança psicológica, onde as pessoas conseguem focar, colaborar e tomar decisões com mais confiança.
Por quais processos começar?
Se sua empresa ainda não tem processos mapeados, comece pelos essenciais:
• Atendimento ao cliente
• Vendas
• Financeiro (pagamentos, recebimentos, fluxo de caixa)
• Contratação e desligamento de colaboradores
• Recrutamento e seleção
Cada um desses processos sustenta a operação e influencia diretamente os resultados. Mas hoje, quero aprofundar um deles: o processo de recrutamento e seleção.
Por que ter um processo de recrutamento bem definido?
Contratar bem é estratégico. Contratar mal custa caro. E não estamos falando apenas de dinheiro, mas também de tempo, clima, performance e, em muitos casos, da reputação do negócio.
Um processo de recrutamento bem estruturado ajuda a sua empresa a encontrar e escolher pessoas com o perfil certo. Ou seja, alinhadas com os valores da empresa, com as competências técnicas e comportamentais necessárias para o cargo e com o potencial para crescer junto com o negócio.
Além disso, um processo seletivo estruturado oferece mais equidade, transparência e acolhimento ao candidato. Esses elementos fortalecem a segurança psicológica desde o primeiro contato com a empresa.
Isso só é possível quando o processo é conduzido de forma profissional e criteriosa. E aqui vai uma dica importante: conte com o apoio de especialistas. Você pode ter uma equipe interna preparada ou contar com a ajuda de uma consultoria ou profissional parceiro. O investimento é pontual, mas os resultados são duradouros.
O que são competências e por que isso importa?
Durante um bom processo seletivo, é essencial entrevistar com base nas competências exigidas pelo cargo. Mas o que é, afinal, uma competência?
Competência é a capacidade de aplicar conhecimentos, habilidades e atitudes para resolver problemas e gerar resultados em determinado contexto.
E de onde vem essa informação? Da descrição de cargos. É esse documento que orienta quais competências técnicas, como uso de ferramentas, idiomas e conhecimentos específicos, e comportamentais, como comunicação, resiliência e proatividade, são necessárias para cada função.
Sem isso, a entrevista fica baseada em achismos ou impressões subjetivas. Isso reduz consideravelmente as chances de uma escolha assertiva. Além disso, processos baseados em critérios claros e objetivos reduzem vieses inconscientes e promovem um ambiente mais justo e inclusivo, favorecendo a segurança psicológica no trabalho.
Contratar por valores e comportamento
Além das competências, é importante avaliar valores pessoais e o estilo comportamental dos candidatos. Isso significa observar se a pessoa acredita no mesmo jeito de fazer negócio que a empresa propõe, se compartilha dos princípios da cultura organizacional, se os propósitos estão conectados de alguma forma e se o candidato demonstra atitudes coerentes com o clima interno da organização.
Contratar com base em valores, habilidades e comportamentos é contratar de forma estratégica. Isso fortalece a cultura, reduz conflitos, melhora o engajamento e cria times mais coesos e alinhados. Times capazes de colaborar, agregar, criar e cuidar do seu negócio.
O resultado? Uma empresa autogerenciável, autônoma e segura
Empresas que estruturam bem seus processos de contratação têm mais autonomia. Isso porque cada contratação passa a ser feita com mais clareza, responsabilidade e visão de futuro. Líderes ganham mais confiança para delegar e confiar, e o negócio se torna menos dependente de figuras-chave.
Esse tipo de prática é parte fundamental de uma governança saudável. Afinal, governança não é apenas sobre documentos e relatórios. É sobre criar um sistema de gestão onde as decisões são claras, os papéis estão bem definidos e as escolhas são baseadas em critérios sólidos.
E quando contratamos com consciência, alinhamento e estrutura, já estamos promovendo segurança psicológica desde a porta de entrada.
Para fechar
Se você ainda contrata com pressa, no boca a boca ou com base apenas no currículo, comece a repensar esse processo agora mesmo.
Contratar bem é construir as bases para uma equipe forte, um negócio saudável e uma cultura organizacional de confiança.
Nos próximos artigos, vamos aprofundar ainda mais como processos de pessoas, como onboarding, feedback, desenvolvimento e desligamento, fortalecem a cultura e a sustentabilidade do seu negócio.
Nos encontramos na próxima parada da nossa trilha.