Uma nova espécie de anfíbio foi descoberta em Santa Catarina e chama a atenção pelo tamanho diminuto e pela homenagem no nome. O sapinho-da-montanha-do-lula, como foi batizado, tem menos de 18 milímetros — cerca do tamanho da ponta de um lápis — e foi encontrado na Serra do Quiriri, no Norte do estado.
O animal recebeu o nome científico Brachycephalus lulai em referência ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo os pesquisadores, a escolha busca chamar atenção para a importância da conservação da Mata Atlântica, bioma onde a espécie vive.
A descrição oficial do anfíbio foi publicada no dia 10 de dezembro na revista científica internacional PLOS ONE. O artigo é liderado pelo professor Marcos Bornschein, do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista (Unesp), e reúne pesquisadores de quatro países.
Espécie rara e de área restrita
O sapinho pertence ao gênero Brachycephalus, grupo conhecido por reunir pequenos sapos diurnos que vivem escondidos sob a camada de matéria orgânica das florestas. Com a nova descoberta, o gênero passa a ter 44 espécies reconhecidas, sendo 37 descritas apenas neste século.
Apesar do tamanho reduzido, o animal se destaca pela coloração vibrante, pelo deslocamento lento e pelo fato de viver em uma área bastante restrita. De acordo com os pesquisadores, é mais comum ouvir o canto característico do sapo do que vê-lo na natureza.
A descoberta é resultado de quase uma década de pesquisas de campo e análises laboratoriais. O estudo integra um esforço maior que busca a criação de um parque nacional para proteger a região onde a espécie foi identificada.
Serra do Quiriri e mudanças climáticas
A Serra do Quiriri fica na divisa entre Santa Catarina e o Paraná e abrange os municípios de Campo Alegre, São Bento do Sul, Rio Negrinho e Corupá. A região é conhecida por abrigar florestas nebulares e campos de altitude, ambientes sensíveis às mudanças climáticas.
Segundo a Unesp, os resultados da pesquisa indicam que espécies do gênero Brachycephalus passaram a ocupar os topos das montanhas à medida que o clima se tornou mais quente e úmido no passado. Atualmente, esse tipo de floresta segue avançando sobre áreas de campo devido às alterações climáticas.
Pesquisa internacional
O estudo contou com a participação de 11 pesquisadores de instituições do Brasil, Reino Unido, Estados Unidos e Alemanha. No Brasil, participaram a Unesp e a Universidade Federal do Paraná.
Parte da pesquisa foi financiada pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. A colaboração internacional permitiu uma análise ampla da nova espécie, incluindo aspectos de morfologia, anatomia, esqueleto, bioacústica, filogenia molecular e ecologia.

