Santa Catarina pode ser o segundo estado mais afetado do Brasil pelo tarifaço dos Estados Unidos, previsto para entrar em vigor nesta sexta-feira (1º). Segundo a Federação das Indústrias do Estado (Fiesc), a medida pode causar uma queda de 0,31% no PIB catarinense em 2025.
A sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros foi anunciada pelo presidente norte-americano Donald Trump em carta enviada ao governo federal no dia 9 de julho. O impacto sobre o estado é considerado crítico, especialmente para regiões como o Planalto Norte, onde 42,5% das exportações têm os EUA como destino.
Setores atingidos e férias coletivas
A indústria madeireira é uma das mais atingidas, com empresas do setor já adotando férias coletivas diante da expectativa de queda nas exportações. Além da madeira, motores elétricos, cerâmicas e peças de motores estão entre os principais produtos catarinenses exportados para os Estados Unidos.
Em 2024, Santa Catarina exportou quase US$ 2 bilhões para o país norte-americano, que é o seu principal parceiro comercial.
“Se essas empresas tiverem níveis relativamente altos de endividamento e grande dependência do mercado norte-americano, é provável que os impactos apareçam já no curto prazo”, alertou Pablo Bittencourt, economista-chefe da Fiesc.
Comitê de crise e levantamento de dados
A análise foi divulgada em reunião do Comitê de Crise sobre o Tarifaço dos EUA, promovida pela Fiesc de forma online, com cerca de 300 participantes entre empresários, sindicatos e autoridades.
Durante o encontro, foi lançada uma pesquisa com 12 perguntas voltadas a empresas industriais para medir os impactos diretos das tarifas. A intenção é usar os dados para propor medidas econômicas aos governos estadual e federal.
“Queremos entender o perfil de cada empresa, por porte, grau de exposição ao mercado americano e capacidade de resistência frente ao tarifaço”, explicou Bittencourt.
Governo tenta reverter medida
O governo federal segue tentando negociar com os EUA para evitar ou reverter a imposição da tarifa. A estratégia atual envolve ministros como Fernando Haddad (Fazenda), Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Geraldo Alckmin (Indústria e Comércio), que têm buscado separar a pauta comercial de questões políticas.
Apesar das tentativas diplomáticas, ainda não há definição sobre mudanças na decisão americana.