O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (30) que irá aplicar uma tarifa de 25% e uma multa à Índia como forma de penalização pelas compras de energia e equipamentos militares da Rússia. O republicano também afirmou que o Brasil será tarifado com alíquota de 50%.
Segundo Trump, a medida entra em vigor no dia 1º de agosto e não haverá prorrogação. Em publicação no Truth Social, o presidente criticou as tarifas indianas, que classificou como “altíssimas”, além das barreiras comerciais, consideradas “rigorosas e incômodas”.
“Embora a Índia seja nossa amiga, ao longo dos anos fizemos relativamente poucos negócios com eles porque suas tarifas são altíssimas”, afirmou.
Ele ainda destacou que a Índia “sempre comprou a maior parte de seus equipamentos militares e de energia da Rússia”, prática que segue mesmo após os apelos do Ocidente para que Moscou encerre a guerra contra a Ucrânia.
Medida visa destravar negociações
De acordo com o assessor econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, Trump está frustrado com o progresso nas conversas comerciais com a Índia e acredita que a tarifa será um “gatilho” para acelerar acordos bilaterais.
Hassett afirmou que há expectativa de que a Índia abra mais seu mercado para produtos norte-americanos após a aplicação da medida.
Brasil é o mais penalizado no tarifaço
Enquanto países como a Índia receberão uma tarifa de 25%, o Brasil deverá ser taxado com alíquota de 50%, mais do que o dobro.
Em entrevista ao jornal The New York Times, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que tentou abrir diálogo com Trump, mas não teve sucesso.
“O que está nos impedindo é que ninguém quer conversar”, disse Lula. “Eu pedi para fazer contato, designei meu vice, ministro da Agricultura e da Economia, mas até agora não foi possível.”
O governo brasileiro enviou uma comitiva ao Capitólio para buscar abertura nas negociações, mas interlocutores norte-americanos afirmam que Trump deliberadamente barrou qualquer conversa com o Brasil.
Segundo fontes do Planalto, a tarifação do Brasil tem caráter punitivo, já que não há razões econômicas claras para aplicar a maior alíquota ao país.
Governo tenta amenizar impactos
A equipe econômica liderada pelo ministro Fernando Haddad negocia uma possível exclusão de alimentos e da Embraer das taxas impostas.
“As conversas estão evoluindo e vão continuar, mesmo após o dia 1º. A decisão não significa o fim do diálogo, mas o começo de uma conversa”, declarou Haddad.
O Brasil agora aguarda o desfecho do primeiro dia de vigência das novas tarifas, na esperança de obter flexibilizações por meio de negociações posteriores.