A Volkswagen anunciou um prejuízo de aproximadamente US$ 1,5 bilhão no primeiro semestre de 2025, atribuído diretamente às tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos. A perda derrubou as projeções de lucro e forçou a montadora alemã a rever para baixo suas metas de crescimento. Porém, o que já é grave no exterior, pode ser ainda mais severo no Brasil com a chegada do chamado “tarifaço”, previsto para entrar em vigor no dia 1º de agosto.
Reação internacional: corte de metas e freio no crescimento
Em coletiva de imprensa, o CEO da Volkswagen, Oliver Blume, afirmou que as tarifas norte-americanas não são vistas como algo passageiro e que a montadora deverá acelerar medidas de redução de custos.
A margem operacional projetada para 2025 caiu para entre 4% e 5%. Antes, era estimada entre 5,5% e 6,5%. A previsão de crescimento nas vendas foi eliminada: agora, a Volkswagen espera desempenho similar ao de 2024.
Tarifaço brasileiro preocupa setor
Enquanto isso, no Brasil, o setor automotivo se prepara para um aumento ainda mais agressivo nas tarifas de importação. O chamado “tarifaço” brasileiro deve atingir diretamente a importação de veículos, autopeças e componentes.
Especialistas do setor estimam que o impacto poderá ser ainda mais nocivo do que o enfrentado pela Volkswagen no mercado norte-americano, devido à menor capacidade de absorção de custos por parte das empresas nacionais e consumidores brasileiros.
Possíveis impactos no Brasil: preços, inflação e produção
A previsão é de aumento generalizado nos preços dos veículos, com impacto direto na inflação, além de efeitos colaterais na produção, já que muitas fábricas brasileiras dependem de peças importadas.
Além disso, há risco de perda de competitividade frente a veículos chineses, que seguem entrando no país com margens reduzidas e acordos comerciais estratégicos.
Comparativo de impacto: EUA x Brasil
Aspecto | Volkswagen (EUA) | Setor Automotivo (Brasil) |
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Prejuízo direto | US$ 1,5 bilhão | Estimativas ainda em aberto |
Impacto nas metas | Revisão de margem e vendas | Aumento de preços e possível retração |
Resposta | Corte de custos e revisão de guidance | Readequação da produção e repasse ao consumidor |
Início do efeito | 1º semestre de 2025 | Previsto para 1º de agosto de 2025 |
Mercado alerta para possível retração
Analistas apontam que, se as medidas não forem acompanhadas de contrapartidas como incentivo à produção nacional ou acordos bilaterais que aliviem os custos, o Brasil pode enfrentar uma retração no setor automotivo nos próximos meses.
Conclusão
O alerta vem do exterior, mas a tensão é local. O que afeta gigantes como a Volkswagen globalmente pode se tornar ainda mais danoso no Brasil, num momento em que o mercado tenta se recuperar dos efeitos da pandemia e de oscilações cambiais constantes.