Mirna Graciela
Tubarão
No quadro atual em meio à pandemia da Covid-19, que abalou fortemente a vida do ser humano em vários sentidos, a busca por respostas virou prioridade. Hoje (5) é lembrado o Dia Mundial da Asma, doença que afeta cerca de 300 milhões de pessoas no mundo e, junto com outras doenças respiratórias crônicas, está ligada a quadros complicados relacionados à pandemia.
As pessoas com comorbidades possuem mais facilidade de complicações do coronavírus, e isso também tem gerado preocupação nos portadores de asma. A pediátrica especialista em doenças respiratórias, Kellen Meneghel de Souza, de Tubarão, traz esclarecimentos muito importantes. “O risco de uma pessoa asmática adquirir o vírus é o mesmo do que uma pessoa sem a doença, porém são mais propensos a complicações em caso de contágios”, explica.
Kellen ressalta que o controle da asma em um paciente faz com que haja um melhor prognóstico em relação ao risco de complicação quando de uma infecção por Covid-19. “Quando a asma não está controlada, sendo uma doença inflamatória, se entende que existe um aumento da inflamação, um descontrole, uma exacerbação. E neste momento, se há o contágio com a doença, o risco de complicação é maior pois haverá uma inflamação muito mais forte”, esclarece.
Segundo a médica, quanto às crianças, a menor idade parece ter um efeito protetor. “Isso devido à imaturidade imunológica, mas isso não nos permite descuidar do tratamento ou dos cuidados referentes à prevenção de infecção viral”.
O uso de medicamentos: Asma e Covid-19
Vale destacar que no protocolo da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre as orientações de manuseio da Covid-19 não se recomenda o uso de corticoides em pacientes com pneumonia viral. “Porém há exceção quando estes também apresentem exacerbação de sua condição crônica, como na asma e na doença pulmonar obstrutiva crônica, devendo considerar o risco X benefício”, acrescenta a pneumologista.
As recomendações
Os portadores de asma, especialmente os classificados como asma grave, conforme Kellen, estão incluídos no grupo de risco para complicações da Covid-19, portanto devem seguir as orientações. “Restringir o convívio social e, quando possível, desenvolver atividades em home office. Os parentes saudáveis devem ser orientados a buscar as receitas, fazerem compras no supermercado e evitar que eles saíam de casa”, recomenda.
As vacinas
Quanto às vacinas, a médica valoriza que são imprescindíveis. “O paciente asmático deve receber as vacinas contra a gripe e a pneumococo. Assim como as crianças prematuras e portadoras de doenças crônicas devem receber o anticorpo monoclonal para vírus sincicial respiratório nos meses que antecedem a sazonalidade. Embora as vacinas não protejam contra a Covid-19 é altamente recomendável estar imunizado contra as doenças respiratórias preveníveis por vacina. Nas crianças recomenda-se manter a carteira de vacinação em dia”, alerta Kellen.
Como diferenciar os sintomas de ambas as doenças?
Realmente, às vezes, é difícil distinguir se a falta de ar é um sintoma de asma ou de Covid-19, por isso a importância do controle da doença por meio do cuidado com o ambiente e do uso adequado da medicação preventiva. “Nestes casos é preciso observar outros sintomas associados, como a febre, comum na Covid-19, mas não na asma”, exemplifica.
De acordo com a médica, o ideal é também tentar recordar das características das crises anteriores e sua semelhança com a atual e, sem dúvida, se os sintomas forem diferentes, se não houver melhora com as medicações utilizadas para a asma, se houver evolução para piora ou qualquer dúvida, o melhor é buscar ajuda médica.
“Em caso de sintomas leves como febre, coriza e tosse seca, mesmo que inicialmente não sejam causa de preocupação, o médico deve ser contatado, e além de ajustar o tratamento da asma, deve manter observação da evolução. Na progressão para infecção pulmonar/pneumonia há piora do quadro com febre alta e falta de ar, neste momento o paciente deve procurar serviço médico de imediato”, orienta.
Asmáticos: Como prevenir a infecção do coronavírus
– Evite o contato com pessoas doentes, lave as mãos com água e sabão ou álcool gel com frequência, e limpe as superfícies de locais e objetos tocados por várias pessoas, como maçanetas, mesas, controle remoto, interruptores de luz e torneiras.
– Não use produtos de limpeza que possam desencadear uma crise.
– Adote medidas de etiqueta respiratória, mantenha distância social, evite tocar em olhos, boca ou nariz se as mãos não estiverem higienizadas corretamente, utilize máscara se estiver com tosse ou espirros.
– Evite locais com aglomeração e, se possível, fique em casa.
SOBRE A ASMA
A asma é uma das doenças crônicas mais comuns no mundo, com uma incidência que varia entre 10 e 25% na população geral. Pode ser desencadeada em qualquer idade.
É uma das principais causas de absenteísmo no trabalho e na vida escolar. Apesar de nos últimos 10 anos, o número de internações por asma ter diminuído, ainda é uma das cinco causas mais frequentes de internação, com cerca de 200 mil ao ano. Isto indica que apesar de haver distribuição gratuita de medicação de controle e alívio, esta implementação não acontece de forma eficiente em muitas cidades.
Sintomas – A asma causa sintomas como chiado, falta de ar, aperto no peito e tosse, e podem ser desencadeados ou agravados por fatores como infecções virais, exposição a alérgenos, à fumaça de cigarro, exercício e estresse.
Não tem cura – A doença não possui cura, mas pode ser tratada de maneira eficaz e, quando está bem controlada, os pacientes conseguem ter uma vida ativa e produtiva com nenhum ou poucos sintomas, evitando crises graves.
O diagnóstico – É baseado na história dos sintomas característicos de tosse, falta de ar e chiado, com piora noturna e início da manhã, que melhora com o uso de broncodilatadores de curta duração. A evidência da obstrução brônquica pode ser vista através de exames como a espirometria, assim como a evidência de alergias ser avaliada por meio de testes específicos cutâneos e sérico.
Tratamentos com uso de medicação
– O tratamento preventivo ou de controle da doença deve ser mantido com corticoides inalatórios isolados ou associados a broncodilatadores ou antileucotrieno, assim como o controle do ambiente conforme recomendação das sociedades de pneumologia nacionais e internacionais, mesmo em vigência de infecções viárias já que são causa frequente de crise. A utilização dos dispositivos inalatórios, em aerossol, deve ser individualizada, sem compartilhamento, uma vez que podem ser fontes de contaminação.
– O tratamento da crise com broncodilatadores de curta duração e anticolinérgicos, assim como o uso de corticoide oral ou endovenoso, igualmente deve seguir as recomendações das diretrizes, pois seu efeito anti-inflamatório é essencial nesta situação, reduzindo a ida ao serviço de emergência devido ao controle eficiente da crise.