Início Colunistas Crônicas inconstitucionais Não sou Petista. E o Bolsonaro é um traidor.

Não sou Petista. E o Bolsonaro é um traidor.

Colunista critica duramente Bolsonaro, Lula e a política extremista que se instaurou no Brasil

Na última semana, algumas almas exaltadas vieram me atacar por um texto anterior em que ousei fazer o impensável: retratar Jair Bolsonaro tal como ele é: um covarde patético que traiu a recém-nascida direita brasileira.

E como sempre aparece algum espírito binário, berrando “petista!”, achei que era hora de esclarecer as coisas. Mas antes, vamos relembrar juntos algumas das principais traições do Jair. Senta aí, que a lista é longa:

1. Bolsonaro enterrou a Lava Jato. Com a justificativa de que “não havia mais corrupção” no seu governo, Bolsonaro foi o principal avalista do fim da maior operação anticorrupção da história recente do país, aquela que colocou na cadeia figurões de todos os partidos. Inclusive os do PT. Mas também os amigos do presidente.

2. Bolsonaro indicou um petista para a PGR e um ministro-chave para o STF. Foi ele, sim, quem nomeou Augusto Aras para a Procuradoria-Geral da República, o mesmo que passou quatro anos blindando o governo e enterrando de vez a Lava Jato. E foi ele também quem indicou Kassio Nunes Marques ao Supremo Tribunal Federal, voto decisivo para tornar Lula elegível. Ah, a ironia…

3. Bolsonaro sancionou a criação do juiz de garantias. Sim, aquela emenda obscura do Marcelo Freixo (PSOL), que dificulta a vida da Justiça Criminal. E foi sancionada por Bolsonaro, o mesmo que se dizia o terror dos bandidos. Vai vendo.

4. Bolsonaro vetou o projeto que limitava os poderes do STF. E sabe por quê? Para proteger o filhote 01, o senador das rachadinhas. Reclamou durante quatro anos dos abusos da Suprema Corte (com razão, diga-se), mas quando teve a chance de agir, vetou o projeto que poderia limitar o império dos supremos.

Diante disso, sou eu o petista da história?

Agora eu pergunto: Sou eu o petista da história? Sério mesmo? Como dizia Olavo de Carvalho, “tem que ter senso de proporção, ora, porra!” Se eu sou petista, Bolsonaro é o presidente fundador e principal porta-voz dos interesses do PT.

O capitão trabalhou ativamente para facilitar a volta de Lula à presidência. Mas claro, eu, que me identifico com as ideias de direita, sou o petista. E o Bolsonaro, que age efetivamente em prol do PT, é o “mito” da direita patriota e conservadora? Que papo de doido!

Não reclamem, então, quando eu digo que a direita brasileira virou um hospício.

E mais um detalhe: em vez de me chamar de petista, não seria mais digno, e mais útil, mostrar onde estou errado? Dito isso, se algum bolsonarista quiser debater, é só marcar. Mas venha com argumentos, e traga balde e rodo, porque vai ter que passar muito pano para as incontáveis traições da família Bolsonaro.

Agora, que fique claro: eu odeio o Lula e o PT.

O Lula, para mim, é um velho carcomido e corrupto que trocou o boné de sindicalista por um terno de grife e a cachaça de boteco por um uísque japonês de 18 mil reais a garrafa. Um hipócrita de marca maior, que abandonou as raízes populares para viver cercado de banqueiros, artistas globais e intelectuais de coquetel.

Traiu também boa parte do seu eleitorado, abraçando uma agenda identitária tosca, que serve mais para alimentar lacradores de internet do que para resolver os problemas reais do país. Na economia, é um desastre completo: gasta demais, gasta mal e aumenta impostos para tentar tapar o rombo. Discursa contra os ricos, mas é aclamado por bancos, fundos e empresários de alto escalão. Vá entender.

Mas isso me espanta de verdade!

O que me espanta é o comportamento infantil de parte do eleitorado bolsonarista. Ao menor sinal de crítica ao ex-capitão, a resposta automática é: “petista!”. Como se o Brasil estivesse condenado a viver num eterno paredão entre o ex-presidiário corrupto que preside e o ex-presidente covarde que fugiu para os Estados Unidos enquanto deixava uma multidão de fanáticos plantados em frente a quartéis. Baita líder!

Não, meus caros. Eu não sou obrigado a defender essa patacoada. E pergunto de novo: qual é mesmo a diferença entre os bolsonaristas que passam pano para qualquer asneira dita ou feita por Bolsonaro e os petistas que fazem o mesmo com o Lula? Resposta: nenhuma.

Ambos vivem num universo binário, onde qualquer crítica ao seu ídolo é vista como traição. Pois saibam: quem ainda acredita em Bolsonaro como liderança de direita é cúmplice de uma farsa. E quem acha que criticar o Lula é coisa de fascista, vive numa bolha.

Eu sigo livre, livre para criticar ambos. Porque sou mais leal à verdade do que a qualquer político. E porque, no fim das contas, esse é o papel de uma coluna honesta: desagradar os fanáticos.

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