Donald Trump adora uma bravata. Promete muro, promete guerra, promete tarifa. De bravata em bravata, reforça seu “America First” para o próprio público e consegue algum benefício aqui e ali, quando consegue. Muita ameaça, pouco efeito prático.
Mas o problema não é só a ameaça. Mesmo blefando (não sei se é o caso do Brasil), Trump já causa estrago. Só o discurso do “tarifaço” contra o Brasil já está custando caro. Piscicultores, por exemplo, já começaram a sentir o baque. Empresas sólidas como a WEG, orgulho industrial de Santa Catarina, estão de orelha em pé, vendo seus contratos em risco. Produtores de suco de laranja e pecuaristas, da mesma forma.
A culpa é do Trump? Claro que é. Mas também é do nosso patético presidente da República, que age igual a um pinscher raivoso defendendo o seu dono, nesse caso, a China. Lula mais parece aquele pirralho magrelo que puxa briga que não pode vencer, só porque anda com um cara mais forte. Agora levou um peteleco e a China… só assistindo.
Lula não só “lidera” os BRICS, mas se mete no conflito entre Israel e Palestina, Rússia e Ucrânia, sempre querendo comprar uma briguinha com os EUA. A militância aplaude. Procurou contato? O contato veio. A postura de um governo responsável seria a neutralidade estratégica.
Veja: não sofro de complexo de vira-lata. Acho que o Brasil pode, um dia, ser um gigante e sentar à mesa dos adultos. Mas não é o caso atual, infelizmente.
E o Bolsonaro nisso tudo? Simples: o nome dele está sendo usado como desculpa para dividir o Brasil, mais uma vez. Alguém realmente acha que Trump está preocupado com nossa democracia ou liberdade de expressão? Vamos ser claros: Donald Trump está “cagando” para o nosso país. O que ele quer de nós, brasileiros, é apenas uma coisa: distância e, eventualmente, ganhar alguma coisa no jogo comercial.
Ele negocia com a Arábia Saudita (não exatamente o melhor exemplo de democracia republicana, cá entre nós) e nunca impôs agenda de liberdade de expressão ou apontou abusos do poder judiciário em nenhum dos países com quem negocia. Além disso, Trump ameaçou o Japão, ameaçou a Suíça. Nenhum desses países tem algo parecido com Alexandre de Moraes fechando redes sociais e perseguindo politicamente adversários.
Trump não quer salvar ninguém. Quer se reeleger e, acima de tudo, ganhar. Esse é o ponto.
Mas Eduardo Bolsonaro, sempre pronto para passar vergonha, gravou vídeo feliz. Sim, feliz, sugerindo que nossas empresas se instalem nos EUA, porque o Brasil pode perder empregos e empresas. O mesmo Eduardo que, semanas atrás, ensaiava discurso nacionalista de boteco agora vibra porque os EUA estão prontos para meter a mão no bolso do trabalhador brasileiro.
É isso. A família Bolsonaro está tão preocupada com o próprio microprojeto de poder que torce pelo tarifaço só porque pode transformar isso em narrativa de perseguição pessoal. “Ah, mas o processo contra o Bolsonaro tem abusos.” Tem. E? Isso apaga a tentativa de golpe? Da mesma forma que a Lava Jato abusou, e Lula continua ladrão, Bolsonaro pode ser perseguido por um juiz abusivo e, ainda assim, ser um criminoso.
Dá para odiar e criticar todos ao mesmo tempo. Chama-se maturidade. Porque, pasmem, o mundo não é binário. Não existem só vilões e mocinhos. Quem ainda acha que a geopolítica mundial é uma luta dos heróis da Marvel contra o Thanos precisa, urgentemente, sair da infância.