Enquanto vidas são perdidas nas estradas violentas da BR-101 sul, o estado passa por um estrangulamento econômico pela falta de logística para o escoamento de sua produção. Participei, no último dia 12 de abril, em Brasília, do Fórum Parlamentar Catarinense sobre a situação das obras da BR-101 sul que mobilizou autoridades e lideranças políticas, administrativas, empresariais e profissionais catarinenses, com a convicção de que ações concretas seriam de fato anunciadas e colocadas em prática. É nítido o desenvolvimento econômico do norte do estado em relação ao sul, onde o maior obstáculo continua sendo a demora na duplicação da BR-101.
Para a infelicidade dos catarinenses e dos estados vizinhos, que também dependem da BR-101 sul para a circulação de sua produção e atividades de turismo, lazer e cultura, o que se percebeu foi a falta de comprometimento e o descaso com um problema de interesse nacional, tanto das construtoras envolvidas quanto do governo federal, no ato representado pelo Dnit.
Nada de novo foi acrescentado ao discurso da promessa que desmerecem a inteligência e o conhecimento dos profissionais da engenharia que há tempos alertam sobre a inviabilidade das previsões. A única novidade foi a promessa de um relatório mensal das obras. Muito pouco para quem diz que a BR-101 sul é prioridade.
Segundo o cronograma, anunciado pelo Dnit, a ponte de Laguna estará concluída em 36 meses, após a ordem de serviço, mas ninguém disse quando a ordem de serviço será emitida. O túnel do Morro dos Cavalos tem prazo de 30 meses após a licença ambiental e ordem de serviço. Faltou esclarecer quando a licença será emitida e qual será o destino dos índios habitantes do local. A obra do túnel do Morro do Formigão está na justiça, sem prazo para uma solução. Sem falar dos impasses nos trechos que devem caminhar para novas licitações, a exemplo de outros, sem a devida punição das empresas contratadas.
O Crea-SC foi uma das instituições pioneiras no estado na luta pela duplicação da BR-101 atuando desde o início dos anos 80, integrando diversos movimentos junto com as entidades de classe e fiscalizando o exercício profissional nos aspectos que lhe cabem como autarquia pública federal. Já em 2006, constatou e informou às autoridades e à sociedade que até o final de 2008, prazo estipulado inicialmente pelo Dnit, a duplicação do trecho sul não estaria concluída.
Os três estudos técnicos realizados pela Fiesc, com apoio do Crea-SC, o último com previsão de conclusão das obras para não antes de 2015, comprovaram a realidade dos fatos. Diferente da promessa meramente apaziguadora e sem comprometimento, os documentos foram elaborados por profissionais habilitados levando em conta as informações, contextos e dados técnicos.
Como profissional e representante do maior conselho profissional de Santa Catarina, o sentimento não é de alívio ao perceber que não erramos ao defendermos publicamente que, diante dos fatos, somente em 2015 a rodovia poderia estar concluída, mas de angústia, frustração e indignação ao perceber que termino meus seis anos de gestão na presidência deste conselho em 31 de dezembro de 2011 sem a certeza de que a BR-101 Sul estará pronta.
Penso que este é o sentimento dos demais cidadãos catarinenses que exercendo suas atividades e obrigações ou passeando por alguns dos pontos turísticos mais belos do país, percorrem este trecho da BR-101 Sul arriscando suas vidas e a de seus familiares. Fica nossa expectativa que a mobilização feita por todos os segmentos representativos do estado, que deram seu grito de indignação no dia 12 de abril, em Brasília, sejam atendidos pelo governo federal e que se determine a prioridade que a BR 101 Sul e os catarinenses merecem.
