No artigo anterior, falamos sobre governança, esse sistema e prática que organiza, sustenta e dá direção para o crescimento de qualquer negócio. Explicamos que, ao contrário do que muitos pensam, governança não é só para grandes empresas. Ela é necessária para qualquer organização que deseja ser segura, transparente, eficiente e, claro, saudável para os indivíduos que nela atuam.
Hoje, vamos dar mais um passo nessa trilha e falar sobre a importância dos processos bem definidos dentro de uma empresa. E, para isso, vamos usar como base a neurociência, que ajuda a endossar aquilo que as vertentes da gestão de pessoas e da administração de empresas já nos ensinam há décadas.
A primeira coisa a ser compartilhada é: o nosso cérebro gosta de previsibilidade.
A neurociência nos mostra que o cérebro humano está constantemente buscando economizar energia. Isso acontece porque o nosso sistema nervoso é altamente demandado em tarefas que envolvem tomada de decisão, resolução de conflitos, novas aprendizagens e interações sociais.
Quando os processos em uma empresa são mal definidos, cada situação vira um campo de incertezas. Isso consome energia cognitiva e emocional dos colaboradores, aumenta o estresse e diminui a produtividade. Já em ambientes onde as “regras do jogo” estão claras, as rotinas fluem melhor, a confiança cresce e o cérebro se sente mais seguro para se dedicar a tarefas que exigem foco, inovação e colaboração.
Ou seja, quanto mais previsível e estruturado for o ambiente, mais livre o cérebro se sente para pensar, criar, aprender e se relacionar. Definir processos não é apenas uma questão de organização operacional ou legal, é também uma ação direta de cuidado com a saúde organizacional.
Além disso, processos sustentam relações. Eles ajudam a otimizar o tempo, reduzir erros, melhorar a entrega e, sobretudo, alinhar expectativas. Trazem clareza sobre papéis e responsabilidades, distribuem o trabalho de forma mais justa e fortalecem a confiança entre equipes.
E aqui entra um ponto-chave da gestão de pessoas:
Não existe boa gestão sem clareza. Quando não há processos definidos, tudo passa a depender do improviso ou da boa vontade de alguém.
Isso, além de injusto, desgasta relações e aumenta os riscos de conflito e desalinhamento interno.
Antes de construir qualquer processo, é essencial ter duas ferramentas básicas: um bom organograma e uma boa descrição de cargos. São eles que vão embasar decisões sobre quem faz o quê, quem responde a quem e como os fluxos devem acontecer. Sem essas definições, os processos viram “caminhos sem mapas”, e as chances de ruído e retrabalho aumentam muito. É como tentar montar um quebra-cabeça sem saber qual é a imagem final.
Vamos então falar de um desses elementos essenciais de governança?
O organograma: um mapa vivo da organização
O organograma não é apenas um desenho bonito na parede da empresa. Ele é um mapa estratégico que mostra como a organização funciona. Indica quem responde a quem, quais áreas existem, como os fluxos de informação e de decisão ocorrem. E, quando falamos de gestão de pessoas, ele se torna ainda mais importante.
Ter um organograma atualizado ajuda, por exemplo:
• Na melhoria da comunicação interna, que se torna mais objetiva e fluida.
Empresas que não têm um organograma definido muitas vezes enfrentam ruídos, desencontros e decisões desalinhadas. E a longo prazo, isso cobra um preço alto em desempenho, clima e engajamento.
Talvez você esteja lendo este texto e pensando: “Tudo isso faz sentido, mas por onde eu começo?”
Minha dica é começar pelo essencial.
Desenhe, mesmo que de forma simples, a estrutura atual do seu negócio. Esboce os fluxos principais de decisão e defina quais processos são realmente críticos para o funcionamento da empresa. Caso lhe falte tempo, conhecimento sobre o assunto, lembre-se que você pode contar com a ajuda pontual especializada, como por exemplo consultorias de gestão de pessoas ou governança.
O bom dessa ajuda pontual é que ela não representa um custo fixo contínuo, e sim um investimento, com saída de recurso temporária. Capazes de ajudar a empresa a criar práticas e ferramentas que permanecem e amadurecem dentro da empresa mesmo após a consultoria.
Para fechar
Se sua empresa ainda não tem processos definidos, organograma funcional ou descrições de cargos atualizadas, comece pequeno, mas comece logo. Cada passo na direção de uma boa comunicação, melhora o desempenho, reduz o desgaste emocional e fortalece a confiança entre as pessoas de um time.
Seu cérebro e o dos seus colaboradores vão agradecer. E sua empresa também.
Nos encontramos na próxima parada da nossa trilha.