Novas mensagens trocadas entre procuradores da Operação Lava Jato em 2015 foram divulgadas nesta 5ª feira (18) pelo jornal Folha de S.Paulo. O conteúdo dos diálogos aponta que o ministro da Justiça, então juiz Sergio Moro, teria interferido em negociações das delações de dois executivos da construtora Camargo Corrêa.
Segundo as mensagens – obtidas pelo site The Intercept Brasil – Moro avisou aos procuradores que só homologaria as delações se a pena proposta aos executivos incluísse um ano de prisão em regime fechado.
Segundo a reportagem, a Lei das Organizações Criminosas define que juízes devem se manter distantes de negociações, e só devem verificar a legalidade dos acordos após assinarem pelo documento, como forma de garantir imparcialidade. Diferente do suposto ocorrido.
As novas mensagens também mostram que a interferência não foi bem vista entre os integrantes da força-tarefa em Curitiba, por perspectivas diferentes sobre o uso das delações.
O chefe da força tarefa, procurador Deltan Dallagnol, escreveu ao procurador que conduzia as negociações com a Camargo Corrêa, Carlos Fernando dos Santos Lima, para que Moro fosse consultado sobre o acordo de delação premiada dos executivos. Na ocasião, Dallagnol falou sobre a condição imposta pelo então juiz.
Após as discussões, a opinião de Moro foi respeitada. Os executivos da Camargo Corrêa, Dalton Avancini e Eduardo Leite, saíram da cadeia com tornozeleiras e ficaram em prisão domiciliar durante 1 ano.
Os delatores falaram sobre o cartel organizado pelas empreiteiras para fraudar licitações da Petrobras, admitiram o pagamento de propina a políticos e desvios, como na construção da usina nuclear Angra 3.
Meses após o fim das negociações com a Camargo Corrêa, outros procuradores utilizaram 1 grupo de mensagens para perguntar sobre condições de Moro –a maneira questionada transparece aceitação sobre a opinião do magistrado.
VAZA JATO
Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol tiveram o conteúdo de conversas atribuídas a eles divulgadas pelo site The Intercept em uma série de reportagens no caso que ficou conhecido como Vaza Jato. Os 2 contestam a autenticidade das mensagens, mas não indicam os trechos que seriam verdadeiros e falsos.
Foto: Sérgio Lima/Poder360