O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou julho com alta de 0,26%, levemente acima do resultado de junho (0,24%), segundo o IBGE. O aumento foi impulsionado pela conta de luz mais cara, enquanto os alimentos registraram queda pelo segundo mês seguido.
No acumulado de 12 meses, a inflação chega a 5,23%, permanecendo acima do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional, que é de 4,5%. Apesar disso, o resultado é inferior ao registrado no período encerrado em junho (5,35%).
Conta de luz lidera pressão inflacionária
A energia elétrica residencial subiu 3,04% no mês, representando o maior impacto individual no IPCA: 0,12 ponto percentual. Esse aumento foi motivado pela manutenção da bandeira tarifária vermelha patamar 1, que adiciona R$ 4,46 a cada 100 kWh consumidos, para cobrir custos de geração por termelétricas.
Além disso, reajustes tarifários em capitais como São Paulo, Curitiba, Porto Alegre e Rio de Janeiro contribuíram para a alta. Sem o impacto da conta de luz, a inflação de julho teria ficado em 0,15%.
De janeiro a julho, a energia elétrica já acumula alta de 10,18%, a maior variação para o período desde 2018.
Alimentos em queda
O grupo alimentos e bebidas recuou 0,27% em julho, ajudando a segurar o índice geral. O destaque foi para a alimentação no domicílio, que caiu 0,69%, com forte redução nos preços da batata-inglesa (-20,27%), cebola (-13,26%) e arroz (-2,89%).
Essa foi a maior queda desde agosto de 2024 e o segundo mês consecutivo de recuo após nove meses de altas. Sem essa deflação, o IPCA teria chegado a 0,41% no mês.
Outros grupos e destaques
Entre os nove grupos pesquisados, três tiveram deflação:
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Alimentos e bebidas: -0,27%
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Vestuário: -0,54%
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Comunicação: -0,09%
Os demais registraram alta, com destaque para:
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Habitação: 0,91%
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Transportes: 0,35%, impulsionado pelas passagens aéreas (+19,92%)
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Saúde e cuidados pessoais: 0,45%
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Despesas pessoais: 0,76%, puxadas pelos jogos de azar (+11,17%)
No caso dos combustíveis, houve queda de 0,64%, com a gasolina recuando 0,51% — o quarto mês consecutivo de baixa.
Efeito do tarifaço dos EUA ainda não aparece
O IBGE afirmou que o resultado de julho não reflete o aumento de tarifas imposto pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, já que a medida só começou a valer em 6 de agosto. Segundo o gerente da pesquisa, Fernando Gonçalves, é possível que, num primeiro momento, haja queda de preços no mercado interno se parte da produção não encontrar destino no exterior.
Metodologia
O IPCA mede a variação do custo de vida de famílias com renda entre 1 e 40 salários mínimos. A pesquisa é realizada em dez regiões metropolitanas e nas capitais Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju.