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A queda das estrelas, a ascensão de um time: a revolução silenciosa do PSG e sua quádrupla quase perfeita

No MetLife Stadium, sob as luzes de Nova Jersey, o Paris Saint-Germain não apenas disputou seu primeiro Mundial de Clubes, ele selou uma revolução que redefiniu o que significa ser um super time no futebol moderno.

A trajetória até a final foi impecável. A vitória avassaladora sobre o Real Madrid na semifinal fez o mundo prender a respiração. O PSG parecia invencível.

Era o time coletivo, o time novo, o time real.

E a expectativa era de coroação: a sonhada quádrupla coroa.

O futebol, porém, resolveu ensinar uma de suas lições mais antigas, e mais importantes.

O fim de uma era, o início de uma revolução

Por mais de uma década, o PSG foi sinônimo de projeto inacabado. Desde a chegada do fundo qatari QSI em 2011, o clube se transformou num ímã de superlativos: Ibrahimović, Cavani, Neymar, Mbappé, Messi.

Eram números astronômicos, holofotes globais, capas de revista. Mas a alma? Essa sempre pareceu estar em construção.

O trio MSN parisiense dominava a Ligue 1 com facilidade, mas tropeçava sistematicamente na Champions League. Semifinais viravam pesadelos, oitavas se tornavam armadilhas. Faltava algo que nenhum investimento podia comprar: identidade coletiva.

Até que, no verão de 2024, o impossível aconteceu. Messi já havia partido. Neymar seguiu o mesmo caminho. E então Mbappé, o símbolo máximo da era galáctica, trocou Paris pelo Real Madrid. O que parecia ser o fim da história… foi apenas o fim do prólogo.

Luis Enrique e a reconstrução silenciosa

Enquanto o mundo especulava sobre o declínio do PSG, Luis Enrique orquestrava uma revolução nos bastidores. O técnico espanhol não chorou as saídas, ele as celebrou como oportunidades. Sem as estrelas que absorviam holofotes e responsabilidades, ele podia finalmente construir aquilo que sempre sonhou: um time de verdade.

Chegaram jovens famintos e talentosos: Désiré Doué, Warren Zaire-Emery, Vitinha, Senny Mayulu, Khvicha Kvaratskhelia. Nomes que talvez não estampassem capas de revistas, mas que entendiam algo fundamental: futebol é esporte coletivo.

A nova filosofia era cristalina: onze jogadores respirando como um só corpo. Pressão alta, transições rápidas, movimentação sincronizada.

Não havia mais dependência de jogadas individuais.

Havia construção coletiva.

Havia arte tática.

Havia… sinfonia.

A temporada quase perfeita: três títulos, uma afirmação

A temporada 2024-25 será lembrada como divisor de águas na história do PSG. Não apenas pelos títulos conquistados, mas pela forma como foram conquistados:

  • Ligue 1: Dominaram com autoridade, mostrando que a ausência de estrelas não significava ausência de qualidade.
  • Copa da França: Levantaram o troféu demonstrando profundidade de elenco e versatilidade tática.
  • Champions League: Aqui veio o momento de redenção. Na final contra a Inter de Milão, aplicaram uma goleada histórica de 5 a 0, a maior vitória em uma final europeia da história. Désiré Doué, eleito MVP em Munique, simbolizou a nova geração: talento individual a serviço do coletivo.

Com três títulos e o futebol mais bonito da Europa, o PSG chegou ao Mundial de Clubes como favorito absoluto. Restava um degrau.

Mundial de Clubes: o roteiro já estava escrito

A semifinal contra o Real Madrid foi um massacre: 4 a 0, com três gols nos primeiros 30 minutos. Fabián Ruiz (2x), Dembélé e Gonçalo Ramos desmontaram a defesa merengue numa exibição de futebol total.

A final parecia questão de tempo.

O Chelsea, adversário experiente e renovado, vinha de boas atuações, mas ninguém imaginava que eles freariam o melhor PSG da história.

Certamente não eu que estava com texto pronto sobre a vitória do PSG.

E então, veio o que ninguém previu.

A lição final: quando o futebol te desmente

O palco estava montado, os discursos preparados, os posts quase prontos. Eu mesma já havia terminado este texto, pronta para celebrar a quádrupla coroa como um marco de virada no futebol moderno.

Mas o futebol (sempre ele) nos lembrou por que é chamado de imprevisível.

O Chelsea bateu o PSG.

Jogou melhor, foi mais maduro, soube explorar as falhas de um time que, pela primeira vez na temporada, tremeu. O PSG teve volume, teve posse, mas não teve o brilho coletivo que o trouxe até ali. Foi um tropeço. Doloroso. Merecido.

E é aqui que a narrativa muda.

Porque se o futebol é feito de surpresas, ele também é feito de aprendizados.

O PSG não levou a taça, mas saiu de cabeça erguida. (Vamos ignorar aqui o fiasco da briga tá?!)

Não coroou a revolução com o título mais simbólico, mas consolidou algo ainda mais importante: um novo jeito de pensar.

Perderam o jogo, mas ganharam um time.

Ganharam uma cultura.

Ganharam um jeito de jogar que vai durar além de uma temporada.

A revolução segue viva

Mesmo com a derrota, o PSG de Luis Enrique provou que a era dos galácticos acabou, e que há algo mais valioso do que ídolos midiáticos: uma identidade construída no coletivo.

Afinal:

  • Deixaram de ser um projeto de marketing para se tornarem uma máquina de futebol.
  • Substituíram o estrelismo pela entrega.
  • E mostraram que a maior vitória não está apenas em levantar taças, mas em mudar mentalidades.

O PSG de 2025 não é apenas uma equipe forte.

É um símbolo.

De que não existe roteiro garantido.

De que o futebol pune o excesso de confiança.

E de que nada, absolutamente nada, está ganho antes do apito final.

E a maior ironia?

O PSG só se tornou verdadeiramente grande quando parou de tentar parecer grande.

Só virou exemplo quando deixou de ser vitrine e se transformou em time.

E mesmo sem a quádrupla coroa, deixou algo muito mais difícil de conquistar: respeito global.

O futebol, no fim, continua sendo o melhor roteirista do mundo.

E o PSG, mesmo derrotado, continua sendo protagonista da nova era.

Essa é a era do Paris Saint-Germain Football Club.

E ela está apenas começando.

Bônus

A Flamenguista que vive em mim não pode deixar de lembrar que só um time venceu o campeão do mundial de clubes né?

Da-lhe, dá-lhe Mengo!

 

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