Mesmo com premiações milionárias no novo formato do Mundial de Clubes, os clubes brasileiros não levarão os valores integrais para casa. Especialistas apontam que os Estados Unidos retêm até 30% dos valores recebidos, e, no caso do Brasil, a carga tributária varia conforme a natureza jurídica do clube.
Com a nova estrutura do torneio, os prêmios pagos pela Fifa atingem cifras elevadas. O Fluminense, eliminado na semifinal pelo Chelsea, poderia ter faturado até R$ 550 milhões. Já o Palmeiras embolsou R$ 218 milhões ao ser eliminado nas quartas, enquanto Flamengo e Botafogo, que caíram nas oitavas, levaram R$ 151 milhões e R$ 145 milhões, respectivamente.
Tributos nos Estados Unidos: 30% de retenção
De acordo com Aristóteles de Queiroz Camara, tributarista do Serur Advogados, os EUA — país-sede do torneio — aplicam um imposto de renda de 30% sobre os valores pagos a entidades estrangeiras cujos países não possuam tratado para evitar bitributação, como é o caso do Brasil.
“Este percentual incide sobre a parcela recebida nos EUA e não sobre os valores antecipados e pagos no Brasil”, esclareceu o especialista à CNN.
Tributação brasileira: depende do modelo do clube
No Brasil, os efeitos fiscais dependem da estrutura jurídica do clube. Associações sem fins lucrativos, como o Palmeiras, não têm incidência de tributos sobre as premiações. Já os clubes organizados como Sociedade Anônima do Futebol (SAF) pagam uma alíquota unificada de 5% sobre a receita bruta.
Entre os brasileiros que participaram do Mundial, apenas o Botafogo se enquadra como SAF — controlado pela Eagle Football Holdings, de John Textor.
“Também não há incidência de tributos estaduais ou municipais sobre essa receita”, completou Camara.
Valores antecipados não são tributados
A Fifa adiantou parte da cota de participação dos clubes antes do início da competição. Cada equipe sul-americana recebeu 15,2 milhões de dólares ainda em seus países de origem, valor que não está sujeito à tributação nos EUA.
Além dos brasileiros, River Plate e Boca Juniors também foram contemplados com esse adiantamento.
Seleção Brasileira pode ter tratamento diferente em 2026
Com a Copa do Mundo de 2026 também sendo sediada nos EUA, ao lado de México e Canadá, o tema da tributação volta à tona.
Segundo Morvan Meirelles Costa Junior, sócio do Meirelles Costa Advogados, a Fifa deve negociar isenções fiscais com os países-sede, como ocorre tradicionalmente em eventos dessa magnitude.
“É altamente provável que tais acordos incluam tax waivers, para evitar uma complexidade tributária imensa e garantir o bom andamento do evento”, explicou.
Premiações no novo Mundial de Clubes
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Fase de grupos: US$ 2 milhões por vitória | US$ 1 milhão por empate
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Oitavas de final: US$ 7,5 milhões
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Quartas de final: US$ 13,1 milhões
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Semifinais: US$ 21 milhões
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Vice-campeão: US$ 30 milhões
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Campeão: US$ 40 milhões
Valores de participação por continente
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Europa: de US$ 12,8 mi a US$ 38,1 mi
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América do Sul: US$ 15,2 mi
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Concacaf, Ásia e África: US$ 9,5 mi
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Oceania: US$ 3,5 mi